Economia

Impactos da guerra entre Israel e Hamas para a Economia

Segundo especialista, “o conflito em Israel e Palestina adiciona um elemento de instabilidade econômica em um momento já desafiador para a economia mundial”

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Três mulheres de Jihab em manifestação contra a guerra entre Israel e Hamas

Rio de Janeiro (RJ), 19/10/2023 – Manifestantes fazem ato em solidariedade ao povo palestino., na Cinelândia, pela Guerra entre Israel e Hamas. Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil

Depois que o Hamas – grupo terrorista palestino – fez o pior ataque a Israel dos últimos 50 anos, lançando cerca de 5 mil foguetes e entrando no país por terra, água e ar,  isso desencadeou uma guerra que tem tensionado o mundo inteiro. Além do enorme prejuízo humanitário – que já soma, segundo dados do Al Jazeera, 8,5 mil mortos (7,1 palestinos, e 1,4 israelenses) – o mundo também teme por consequências econômicas. 

De acordo com um levantamento Ipespe/Febraban, 83% dos brasileiros acham que a economia será prejudicada pela guerra entre Israel e Hamas. Desde o início do conflito, as principais bolsas de valores do mundo passaram a operar em instabilidade. Especialistas ainda temem um possível envolvimento do Irã, grande produtor de petróleo, o que abalaria a economia mundial. 

Para falar sobre o assunto, a Central do Varejo conversou com o especialista em Relações Internacionais e fundador do Instituto Global Attitude, Rodrigo Reis, que esclarece todas as dúvidas sobre o assunto. Acompanhe na íntegra:

Diante da expectativa de impactos negativos da guerra sobre a economia mundial, a bolsa de valores dos Estados Unidos, do Brasil e de países remotos à guerra parecem ainda não ter sentido impactos. Qual é a veracidade disso?

A percepção pública de que a guerra entre Israel e Hamas prejudicará a economia é compreensível, dada a história de instabilidade na região e seu impacto potencial no mercado global de energia. Porém, a aparente falta de impacto imediato nas bolsas de valores dos Estados Unidos, Brasil e outros países pode ser atribuída a vários fatores. Primeiramente, os mercados financeiros são influenciados por uma série de variáveis, incluindo notícias políticas e econômicas globais. Além disso, as economias modernas são altamente diversificadas e resistentes, com múltiplos setores que podem compensar choques em outros lugares.

No entanto, essa aparente estabilidade pode ser enganadora. Eventos geopolíticos podem levar a volatilidade nos mercados a longo prazo, e é importante reconhecer que os efeitos econômicos podem se desdobrar gradualmente. O mercado financeiro nem sempre reflete imediatamente as preocupações econômicas da população. À medida que o conflito se desenvolve e os desdobramentos políticos ocorrem, os impactos econômicos podem emergir, embora possam ser mitigados por ações de governos e instituições financeiras. Portanto, é vital acompanhar de perto a situação e seus possíveis impactos futuros.

Vale lembrar, que logo na segunda-feira, (9/10), dois dias após o início da guerra, as principais bolsas do mundo passaram a operar em queda. Em contrapartida, o dólar e o petróleo subiram, uma vez que investidores agiram com extrema cautela devido às ondas de violência no Oriente Médio. E para o Brasil, a maior preocupação é o efeito da guerra sobre a inflação, pois no começo do conflito, o barril do petróleo foi negociado acima dos US$ 85,00 e o dólar chegou a R$ 5,17.

– Com a sequência de acontecimentos de pandemia, guerra na Ucrânia, e, agora, guerra em Israel, a economia mundial já anda um pouco abalada. O dólar tem enfrentado um momento difícil, junto à bolsa americana. Além disso, a China tem passado por uma crise no mercado imobiliário. Como essa guerra pode abalar ainda mais as economias ao redor do mundo?

A guerra entre Israel e Palestina acrescenta mais incerteza a uma já volátil economia global. Conflitos geopolíticos aumentam o risco nos mercados financeiros, levando a flutuações no dólar e nas bolsas. Além disso, a região desempenha um papel crucial no fornecimento de petróleo, o que pode impactar diretamente nos preços, afetando consequentemente as economias de todo o mundo. Também é importante destacar que essa guerra amplifica tensões regionais, o que pode ter repercussões em outras áreas, como o comércio e as relações diplomáticas. No geral, o conflito em Israel e Palestina adiciona um elemento de instabilidade econômica em um momento já desafiador para a economia mundial.

– E para os países envolvidos na guerra, e nos arredores, como andam os impactos econômicos, para além dos imensos prejuízos humanitários sofridos?

Para os países envolvidos na guerra, bem como para aqueles nas proximidades, os impactos econômicos são significativos. A guerra resulta em danos diretos à infraestrutura, indústria e comércio, causando perdas econômicas substanciais. Além disso, os custos associados à mobilização militar e ao fornecimento de assistência humanitária são onerosos. A instabilidade econômica resultante pode levar à fuga de investidores e reduzir o crescimento econômico a longo prazo. Nos países vizinhos, a guerra pode interromper o comércio, aumentar a pressão sobre os recursos e criar incerteza econômica. Portanto, além dos terríveis prejuízos humanitários, os conflitos armados na região têm impactos econômicos devastadores que podem perdurar por anos.

– O que precisa acontecer para que os prejuízos da guerra cheguem até o ocidente? E qual a chance de isso acontecer?

Os prejuízos da guerra no Oriente Médio afetam o Ocidente de várias maneiras, principalmente por meio de efeitos indiretos. Em primeiro lugar, os conflitos podem elevar os preços do petróleo devido à instabilidade na região, o que aumenta os custos de energia para o Ocidente. Além disso, a volatilidade nos mercados financeiros globais pode ser exacerbada pelos conflitos, afetando investimentos (de vários tipos) de pessoas em todo o mundo. Também existe o risco de ataques terroristas ou atos de violência relacionados aos conflitos atingirem o Ocidente. E isso, devido ao histórico de brutalidade que testemunhamos ao longo dos anos.

Agora, as chances de isso acontecer variam de acordo com a intensidade do conflito, a resposta diplomática e as ações das partes envolvidas. A comunidade internacional e os atores regionais desempenham um papel fundamental na gestão dos impactos nos países ocidentais. Portanto, a cooperação internacional e a resolução pacífica são essenciais para mitigar o alcance desses prejuízos.

– E em relação ao Brasil, como nosso país pode ser impactado pela guerra entre Israel e Hamas?

O Brasil pode ser impactado indiretamente pela guerra de algumas maneiras. Nosso país é um importante produtor e exportador de commodities. Flutuações nos preços do petróleo e do gás natural, devido à instabilidade na região, tendem a afetar a economia brasileira. Além disso, e não menos importante, se dá pelo fato do país ter uma comunidade judaica considerável e conflitos no Oriente Médio podem gerar tensões e debates internos.

No entanto, os impactos diretos no Brasil são geralmente limitados, uma vez que o país está geograficamente distante da região em conflito. Contudo, a diplomacia brasileira tem frequentemente expressado preocupações com a paz e a estabilidade na região, buscando contribuir para soluções pacíficas por meio de organizações internacionais e negociações bilaterais. Isso porque o Brasil busca manter relações comerciais, culturais e políticas positivas com os países da região, promovendo um ambiente global mais seguro e favorável aos interesses nacionais.

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