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Economia

Mais da metade das PMEs tiveram demissões no último ano

Segundo pesquisa, os setores que mais demitiram foram o de construção e o varejo. Quanto menos funcionários, mais demissões por empresa

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A funcionária pega o envelope de demissão enquanto é entregue à gerente

Segundo estudo do Capterra, plataforma de avaliação e seleção de software, cerca de 57% das PMEs no Brasil, segundo trabalhadores entrevistados, realizaram alguma demissão nos últimos 12 meses (período de junho de 2022 a junho de 2023). Os dados do estudo foram compilados a partir de um levantamento online realizado entre os meses de maio e junho de 2023, contando com a participação de 1.024 pessoas entre 18 e 65 anos, de todas as regiões do país.

Os setores que mais tiveram demissão foram Construção (74%), Varejo (61%), Serviços financeiros (59%), Comércio e vendas (56%) e Tecnologia/TI (54%). As regiões que mais demitiram foram, respectivamente, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. De acordo com o estudo, quanto mais funcionários a empresa possuía, maiores foram os cortes, localizando as demissões principalmente em pequenas e médias empresas. De acordo com Sônia Pelay, superintendente Adjunta RH do Instituto Brasileiro Pró-Educação, Trabalho e Desenvolvimento (Isbet), “a [área] mais afetada é a maior empregadora, que são as PMES, que empregam mais de 57%. Além delas, aquelas que perdem rendimento com a alta tributação dada pelo governo como indústrias automotivas, provocando grande número de demissões de pequenas empresas ao redor das grandes indústrias (exemplo o complexo de Camaçari na Bahia – Ford)”.

A especialista explica que existem fatores internos e externos para provocar a demissão nesse período no Brasil. “A alta da inflação, a alta dos juros, e, em âmbito interno, temos que reestruturar a própria empresa para enxugamento, baixo desempenho do colaborador, falta de adequação à missão, visão e valores das empresas (política interna), atrasos e faltas constantes, relacionamento ruim entre colegas e supervisores”.

Segundo Pelay, algumas ações que podem ser feitas para reverter o cenário são “políticas públicas que devem ser incentivadas e colocadas em prática, a tão esperada reforma tributária anunciada pelo governo, diminuindo os encargos tributários das empresas e a promoção da oferta de trabalho. E também a melhoria da qualificação dos profissionais para o retorno financeiro dos empregadores, a partir do desempenho realizado”, afirma.

Outro dado da pesquisa é que menos de um terço das empresas implementam estratégias de offboarding na demissão do funcionário, tornando mais difícil a adaptação à nova realidade. De acordo com Pelay, existem algumas medidas que podem ser tomadas para tornar esse momento mais funcional. “É difícil para as PMEs arcarem gastos com funcionários demitidos, mas elas deveriam buscar recolocação dos profissionais desligados, fornecer carta de referência. E aquelas que passarem por reajustes e podendo readmitir o funcionário em outro momento, certamente ele terá a preferência, por conhecer os processos e cultura da empresa”, explica.

A funcionária pega o envelope de demissão enquanto é entregue à gerente

Imagem: Envato