Colunistas

Mais uma crise! Qual o papel do líder na comunicação com sua rede de franquias em tempos de incertezas ?

Publicado

on

crise

Estou digitando aqui em meio a uma “tempestade” de informações sobre o rumo da economia mundial, guerra comercial, guerra real, incertezas e CRISE á vista. Após respirar e refletir um pouco, o que me vem á cabeça é uma pergunta: Qual a novidade, afinal ?

O Brasil é, e sempre foi (infelizmente), o país das crises, incertezas, dúvidas, questionamentos. Vou listar aqui algumas crises que passamos nas ultimas décadas, que talvez estejam na memória de muitos:

  1. Crise da Hiperinflação (até 1994)
  • Contexto: Anos 1980 e início dos 1990.
  • Causa: Gastos públicos descontrolados, indexação generalizada da economia.
  • Consequência: Inflação anual acima de 1.000% em 1993.
  • Solução: Plano Real (1994), que criou uma nova moeda (o real) e ancorou expectativas inflacionárias.
  1. Crise Cambial e Moratória da Dívida (1998-1999)
  • Causa: Ataques especulativos ao real, déficits fiscais e conta corrente.
  • Ação: O governo recorreu ao FMI, abandonou o câmbio fixo em 1999 e adotou o sistema de metas de inflação.
  • Impacto: Desvalorização do real, juros altos e recessão curta.
  1. Crise de Confiança Pré-Eleição (2002)
  • Contexto: Aproximação das eleições presidenciais com a possibilidade de vitória de Lula (PT).
  • Causa: Incerteza do mercado sobre política econômica do futuro governo.
  • Resultado: “Efeito Lula” — alta do dólar, fuga de capitais, queda da bolsa.
  • Solução: Carta ao Povo Brasileiro e continuidade do tripé macroeconômico.
  1. Crise Global (2008-2009)
  • Causa: Colapso do sistema financeiro global (Lehman Brothers).
  • Impacto no Brasil: Queda das exportações, retração da indústria.
  • Resposta: Estímulos fiscais e crédito público, recuperação em “V”.
  1. Crise Econômica e Política (2014-2016)
  • Causa: Recessão após erros de política fiscal e energética (“Nova Matriz Econômica”).
  • Contexto: Escândalo da Lava Jato, perda de confiança, impeachment de Dilma Rousseff.
  • Impacto: PIB caiu quase 7% em dois anos, desemprego disparou, inflação alta.
  1. Pandemia da COVID-19 (2020-2021)
  • Causa: Quarentenas, queda da atividade econômica, colapso sanitário.
  • Resposta: Auxílio emergencial, queda de juros, aumento da dívida pública.
  • Resultado: Queda abrupta do PIB em 2020, forte recuperação em 2021.
  1. Incertezas Fiscais e Políticas (2022–presente)
  • Causa: Disputa eleitoral acirrada, incerteza sobre âncoras fiscais, dívida pública crescente.
  • Tensões: Pressão sobre o arcabouço fiscal, juros altos por cautela do Banco Central, desaceleração global.
  • Riscos atuais: Baixo crescimento, desafios em investimentos públicos e infraestrutura.

Ou seja, a cada 3 anos, aproximadamente, ou menos, o Brasil enfrenta uma crise ou desafio que afeta nosso desenvolvimento e crescimento sustentável, então vivemos o eterno “VOO DE GALINHA” Brasileiro.

Eu passei e vivenciei com profundidade essas crises, já no mercado trabalho e sentindo na pele tanto no campo pessoal como no profissional, como filho, pai, marido, executivo e também como empreendedor. E de fato, nosso país não é para amadores, precisamos literalmente nos “virar nos 30” para conseguir superar os desafios que essas recorrentes crises nos apresentam.

Hoje, como líder em redes de franquia, sinto o peso da responsabilidade de ter diversos “sonhos” empenhados em nossas redes, com nossos franqueados, suas equipes, e nosso time interno, que também vivenciam esses solavancos, essas incertezas, e olham para “cima”, para a liderança, e esperam uma sinalização de qual será o tamanho dessa “tempestade” , e qual o caminho devemos seguir.

Gostaria de compartilhar algumas dicas que podem servir nesses momentos:

crise

  1. Faça da prudência sua aliada, não do medo
  • Cortar gastos com inteligência: elimine excessos, mas preserve o que gera valor.
  • Reavalie investimentos: adie o que for supérfluo, mas mantenha o essencial pra operação.
  • Monte um caixa de emergência: tente manter de 3 a 6 meses de custos fixos disponíveis.
  1. Obsessão por fluxo de caixa
  • Controle diário/semanal de entradas e saídas.
  • Antecipe recebíveis, renegocie prazos com fornecedores.
  • Evite dívidas caras e empréstimos impensados — só com planejamento.
  1. Agilidade é melhor que perfeição
  • Em crises, quem se adapta rápido sobrevive.
  • Faça testes pequenos (MVPs) para novos produtos, canais ou modelos.
  • Não espere condições ideais para agir — aja com o que tem.
  1. Escute o mercado, não seu ego
  • O comportamento do cliente muda na crise. Escute sinais: estão comprando menos? Mudando prioridades?
  • Ajuste sua oferta ao novo momento: pode ser pacote menor, foco em solução essencial, mais valor percebido.
  1. Fortaleça relacionamento com clientes e parceiros
  • Transparência constrói confiança.
  • Clientes fiéis são sua maior defesa na crise — ofereça valor, empatia e atenção.
  • Com fornecedores e parceiros, negocie de forma ganha-ganha.
  1. Invista em marketing inteligente (não pare totalmente!)
  • Muita gente corta tudo, mas você pode ganhar visibilidade se mantiver presença estratégica.
  • Foque em conteúdo, valor e canais de custo menor (como redes sociais orgânicas, e-mail, parcerias).
  1. Cuide de você, do time e da cultura
  • Crise exige liderança serena. Seu time te observa.
  • Comunicação clara, honestidade e alinhamento são cruciais.
  • Mantenha a moral — uma equipe motivada atravessa qualquer solavanco com mais força.

E, como líder, tome decisões e oriente seu time, e algumas dessas dicas devem lhe ajudar a passar por períodos turbulentos com seus franqueados e sua rede:

  1. Assuma o papel de guia com transparência e direção
  • Compartilhe o cenário real, mas com foco em solução: “Sim, os tempos são desafiadores, mas estamos juntos com um plano claro.”
  • Seja a voz da razão e da esperança — sem negar os riscos, mas mostrando que há caminho.
  • Evite alarmismos ou silêncio prolongado, que abrem espaço para medo e boatos.
  1. Comunicação é sua maior ferramenta
  • Estabeleça comunicação constante e empática com os franqueados: boletins semanais, vídeos, grupos ativos.
  • Dê visibilidade de dados, decisões e próximos passos. A transparência gera segurança.
  • Crie espaços de escuta ativa: reuniões abertas, canais de feedback, consultas.
  1. Reforce o senso de comunidade na rede
  • Estimule trocas entre franqueados (boas práticas, apoio emocional, ideias).
  • Crie grupos de apoio regional ou temático.
  • Promova desafios positivos, metas conjuntas, reconhecimentos — união combate a sensação de isolamento.
  1. Ofereça suporte prático para a operação local
  • Kit anticrise: ações imediatas para proteger fluxo de caixa, renegociar contratos, ajustar estoque.
  • Planos de contingência por cenário: “Se Acontecer X, faremos Y.”
  • Apoio em marketing e comunicação local, com campanhas adaptadas ao novo momento.
  1. Reforce inteligência de mercado e inovação
  • Antecipe tendências e compartilhe análises com a rede.
  • Incentive testes regionais e replicação rápida do que dá certo.
  • Esteja atento às mudanças de comportamento do consumidor — adapte os produtos, canais, mensagens.
  1. Cuide da mentalidade dos franqueados
  • Traga especialistas para encontros sobre gestão em crise, saúde emocional, liderança sob pressão.
  • Mostre que não estão sozinhos — sua liderança é também emocional.
  • Cultive uma narrativa de resiliência e reinvenção, não apenas de resistência.
  1. Fortaleça a estrutura da franqueadora
  • Reforce sua equipe de campo com apoio mais próximo.
  • Automatize processos onde possível pra liberar foco estratégico.
  • Mantenha o time unido, alinhado e com propósito claro: cuidar da rede com presença e excelência.

Por experiência prática, recomendo gastar a SOLA DE SAPATO, e procurar entender os reais desafios a serem enfrentados pelos franqueados, por região (que são diferentes), escutar bastante, identificar benchmarks, criar comitês por tema ou de crise, trazer as pessoas-chave para as discussões, desenhar o plano de ação e EXECUTAR. EXECUTAR. EXECUTAR.

crise

A maior dificuldade que vejo em redes de negócio está na EXECUÇÃO. Treinamento, congressos, reuniões, planejamento, tudo isso é muito bem vindo. Mas a EXECUÇÃO bem feita é que determina o sucesso daquilo que foi discutido e planejado. Em artigo anterior, falei sobre “FAZER O BÁSICO BEM FEITO”, que tem muito a ver com a cultura de EXECUÇÃO.

Não se escondam. Não desanimem. Não se deixe afetar por notícias ruins. Não escute os “mensageiros do apocalipse”.

Seja realista, mas identificando os desafios com clareza, e montando um plano de ação estruturado, e LIDERANDO a EXECUÇÃO, certamente passaremos por mais essa crise, e talvez fiquemos mais fortes para a próxima que, com certeza, virá por aí mais adiante, afinal, estamos no BRASIL, se você não vai mudar de país, aprenda a lidar com isso, pois esse é nosso mundo real.

Imagens fornecidas por Ivan Ferreira


Ivan Ferreira*Ivan Ferreira é COO da Holding de franquias Japp, de João Appolinário, com as marcas de franquias Decor Colors, Polishop, Mega Studio, Wise Home e outras. É consultor de franquias e varejo com MBA de franquias da FIA/ABF, além de especialista em análise de franqueabilidade e canais, formatação e gestão. Master Franqueado de uma rede de açaí, também já contribuiu com os Comitês de BI, Moda, Food Service e Expansão da ABF.

Continue Reading
Comente aqui

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *