Mercado de bebidas alcoólicas cai pela primeira vez em 15 anos

Devido a ajustes de estoque, descarte de produtos nos EUA, instabilidade geopolítica, inflação e desaceleração na China, o mercado de bebidas alcoólicas caiu 0,2% globalmente em 2023, marcando seu primeiro declínio em volume total em 15 anos, segundo a Euromonitor International.

A queda reflete uma confluência de fatores que afeta o sentimento dos consumidores em todo o mundo, pressões inflacionárias nos mercados ocidentais e uma desaceleração estrutural na China.

“A indústria entrou em território negativo, uma ocorrência rara, destacando a gravidade da tempestade perfeita que está enfrentando”, disse Spiros Malandrakis, chefe de Pesquisa de Bebidas Alcoólicas na Euromonitor International.

Apesar do declínio geral, as bebidas não alcoólicas estão experimentando um crescimento significativo. O relatório “World Market for Alcoholic Drinks 2024” da Euromonitor destaca que os “prontos para beber” (RTDs), especialmente os Hard Seltzers, e o conhaque tiveram quedas substanciais de volume de 16,6% e 9,5%, respectivamente.

“À medida que as prateleiras de bebidas no/lo (sem álcool ou com baixo teor alcoólico) ficam cada vez mais lotadas, as oportunidades nesse segmento se moverão em direção à funcionalidade, indo além das extensões de marca para abraçar composições únicas que empurram os limites da experimentação, ressoando fortemente com os Millennials mais jovens e a geração Z”, observou Malandrakis.

Em contraste, os RTDs à base de destilados alcançaram um crescimento de 8%, enquanto as categorias emergentes de não alcoólicos e vinhos espumantes se beneficiaram dos consumidores que trocaram o champanhe, indicando que alguns segmentos continuam a prosperar.

O relatório também observou uma desaceleração significativa no desempenho tanto do comércio de varejo quanto do comércio on-trade, com o off-trade caindo 0,7% e o crescimento on-trade desacelerando para 1%.

“À medida que o entusiasmo pós-pandemia que impulsionava a indústria desaparece, 2023 se torna um Negroni bem equilibrado. Notas decididamente amargas – à medida que a volatilidade macroeconômica e geopolítica cobra seu preço – encontram equilíbrio contra as dicas herbáceas de brotos verdes de um otimismo cauteloso”, disse Malandrakis.

“Embora numerosos riscos de queda de curto prazo permaneçam e a maioria das categorias e mercados ainda esteja sob pressão, as bebidas alcoólicas parecem estar virando mais uma esquina e provando sua resiliência diante de um estado de ‘permacrise’. Há desafios pela frente”, concluiu.

Imagem: Envato
Informações: Retail Asia
Tradução livre: Central do Varejo