Operação
Moove adquire startup brasileira Kovi
A Moove, fintech de mobilidade nascida na África e apoiada pela Uber, que oferece financiamento de veículos para motoristas de aplicativos de transporte e entrega em seis continentes, adquiriu a Kovi, provedora brasileira de mobilidade urbana.
O valor do negócio não foi divulgado, mas a Moove confirmou que se trata de uma transação integralmente realizada em ações, tornando a Kovi uma subsidiária integral da Moove.
Ladi Delano, cofundador e co-CEO da Moove, disse que a aquisição eleva a receita anual recorrente (ARR) da fintech de mobilidade para US$ 275 milhões. Em março do ano passado, a Moove havia reportado um ARR de US$ 115 milhões.
A notícia chega dois meses após a Moove anunciar uma parceria com a Waymo para operar frotas de veículos autônomos em duas cidades dos EUA, Phoenix e Miami.
Delano afirmou que a aquisição da Kovi, sediada em São Paulo, representa um passo significativo rumo ao objetivo da empresa de construir a maior frota de transporte por aplicativo do mundo. O que começou com 76 carros em Lagos, Nigéria, em 2020, agora cresceu para 36.000 veículos operando em 19 cidades em seis continentes, com a América Latina emergindo como um mercado-chave.
Além disso, a aquisição une duas empresas que enfrentam o mesmo desafio: fornecer soluções de financiamento para motoristas de aplicativos. Fundada em 2018 e apoiada pela Y Combinator, a Kovi foi criada para tornar a posse de veículos mais acessível no Brasil. Após a aquisição, que ainda aguarda aprovação da autoridade antitruste brasileira, a Kovi continuará operando com sua marca e manterá sua equipe executiva e de gestão inalterada.
Embora a Moove mantenha a marca Kovi ativa no Brasil e no México, há planos para uma expansão ainda maior na América Latina. Recentemente, a Moove iniciou operações em três cidades na Colômbia e no México. Assim, a aquisição reforça ainda mais a posição da Moove na região, garantindo à empresa uma presença forte no Brasil, o maior mercado de transporte por aplicativo da América Latina.
Uma posição de liderança na América Latina
“Estamos muito animados para trabalhar com uma equipe fantástica e alinhada com nossa visão na Kovi, que criou este negócio para resolver um problema semelhante ao que encontramos na Nigéria”, disse Delano. “A Kovi é um dos dois maiores players do Brasil. Portanto, não apenas entramos e fortalecemos nossa presença no mercado latino-americano, como também nos posicionamos entre os dois maiores no maior mercado individual da região.”
A Moove construiu um terceiro pilar no mercado global de mobilidade ao fornecer veículos para plataformas de transporte por aplicativo. Isso inclui seu produto principal, Drive-to-Own (modelo de posse por meio de direção), um modelo híbrido de táxi e emprego, além de uma linha emergente de negócios em veículos autônomos (AV), impulsionada por inteligência artificial.
Embora a IA desempenhe um papel essencial em sua divisão de veículos autônomos, Delano afirma que a estratégia de mobilidade baseada em IA da empresa se estenderá a todo o seu negócio, desde a otimização de serviços tradicionais de transporte até a melhoria da gestão de frotas. Nesse sentido, a aquisição da Kovi é estratégica. Segundo o executivo, a tecnologia proprietária e os algoritmos da Kovi irão “complementar e fortalecer a estratégia de mobilidade com IA da Moove, garantindo que possamos oferecer um serviço e um produto ainda melhores aos nossos clientes ao redor do mundo.”
O que levou à aquisição da Kovi?
Não está claro se a Kovi enfrentava dificuldades financeiras antes da aquisição pela Moove. Sua última rodada de investimentos conhecida foi uma Série B de US$ 104 milhões em 2021, com aportes de investidores como Valor Capital, Prosus Ventures e Quona Capital. Apesar de captar recursos para expandir pela América Latina, a Kovi concentrou seus esforços principalmente no Brasil. Naquele ano, reportou um ARR de US$ 45 milhões, crescendo 15% mês a mês.
A transação em ações torna os investidores da Kovi acionistas da Moove, alinhando as trajetórias de crescimento das duas empresas. Em um comunicado, Adhemar Milani Neto, CEO da Kovi, expressou confiança no acordo:
“Conheci os fundadores [da Moove, Delano e Jide Odunsi] há muitos anos, quando eles estavam escalando seus negócios na África, e fiquei imediatamente impressionado com a abordagem orientada por propósito deles, que combina perfeitamente com a nossa cultura. Juntos, acredito que nos tornaremos uma empresa verdadeiramente global e definidora de categoria, aproveitando escala e expertise em um nível nunca visto no nosso mercado.”
Moove mira rentabilidade e expansão global
No ano passado, a Moove levantou uma Série B de US$ 100 milhões liderada pela Uber, alcançando uma avaliação de US$ 750 milhões. Desde seu lançamento, há cinco anos, a fintech de mobilidade já captou mais de US$ 500 milhões em dívida e equity de investidores como Mubadala, BlackRock, Franklin Templeton, Janus Henderson e IFC (Banco Mundial).
Delano preferiu não comentar sobre possíveis novas rodadas de captação. Em vez disso, destacou que a prioridade da empresa agora é tornar seu modelo de negócios, intensivo em capital, lucrativo ainda este ano e concretizar sua visão de construir a maior frota de transporte por aplicativo do mundo.
Imagem: Envato
Informações: Tage Kene-Okafor para TechCrunch
Tradução livre: Central do Varejo