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Economia

Ondas de calor extremo ameaçam cenário econômico no início de 2024

El Niño deve ter seu ápice entre dezembro e janeiro e perdurar até abril de 2024; com isso, especialistas prevêem grande impacto na economia no próximo ano

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Sol extremo

Em novembro de 2023, o Brasil acumula oito ondas de calor extremas, além de enchentes e ciclones no Sul. Todos esses eventos climáticos somaram diversos prejuízos em mortes, na saúde da população, e também muitos prejuízos econômicos para o país e para os varejistas. 

A perspectiva, no entanto, não é de melhora. Dezembro e janeiro devem ter ondas de calor ainda mais fortes, pois é para quando está previsto o auge do fenômeno El Niño – que deve perdurar até abril do próximo ano.

Com isso, a economia continua prejudicada. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse, na semana passada, que uma possível volatilidade nos preços dos alimentos é um desafio a ser enfrentado nos próximos meses, visto que um aumento da inflação limitaria ainda mais o espaço para reduções na taxa Selic.

O especialista em investimentos Hulisses Dias explica os prejuízos na economia nos próximos meses. “Com os efeitos do El Niño presentes até metade de 2024, a expectativa é que tenhamos aumento no preço dos alimentos, em especial nos produtos in natura. Com a temperatura acima da média, o maior consumo de energia também pode ocasionar aumento nas tarifas”, afirma.

O economista ambiental Marcos Godoi explica que os eventos extremos impactam diversas áreas econômicas. “O calor extremo pode gerar falta de energia, e, sem ela, a gente não tem produção, então o PIB do país cai. A menor produção de alimentos causa o impacto mais claro possível, aumentando a inflação. Também, nas ondas de calor extremo, as pessoas vão ter mais problemas de saúde e vão procurar mais os hospitais, gerando maior gasto do tanto do setor público como da saúde privada”, esmiúça ele.

Movimentação do comércio pelo calor extremo

As altas temperaturas da oitava onda de calor no Brasil também impactaram as vendas das pequenas e médias empresas do varejo online: somente entre 8 e 16 de novembro de 2023, foram comercializados mais de 93 mil produtos relacionados, entre eles protetor solar, bronzeador, chapéu, boné, óculos de sol e camisetas regatas. O volume representa um crescimento de 66% em relação ao ano anterior. Os dados são de levantamento da Nuvemshop, plataforma para criação de lojas virtuais que é líder na América Latina. 

“O clima intenso tem sido um grande desafio para os brasileiros e é natural que busquem produtos que ajudem a amenizar a sensação incômoda ou que possam proteger a saúde. As compras online já fazem parte do dia a dia dos brasileiros e os dados comprovam um dos seus muitos benefícios, afinal o consumidor pode encontrar o que precisa sem sair de casa no sol ou na temperatura de 40 graus”, comenta Priscilla Ferraz, gerente de vendas da Nuvemshop. 

No período analisado, a venda de óculos de sol cresceu 182% em relação ao ano passado, passando de 18,5 mil para 52 mil itens comercializados. Além disso, houve um aumento de 49% no volume desses itens registrados para venda na plataforma da Nuvemshop. 

Outro produto em destaque foi a blusa regata, que vendeu 176% a mais neste ano, passando de cerca de 7.400 para mais de 20 mil itens comercializados durante este período de calor intenso. Já o número de itens classificados como “regata” registrados para venda cresceu 114%. 

Porém, Godói explica que esses gastos não são tão favoráveis à economia, uma vez que eles são os chamados “gastos defensivos”. “Os gastos defensivos não aumentam o bem-estar. Quando a gente usa o dinheiro para comprar uma TV nova, a gente tá aumentando a qualidade de vida, mas se eu uso dinheiro para comprar um ar condicionado porque eu não tô aguentando o calor, isso tira o dinheiro de outros setores, e movimenta somente um setor da economia, que será beneficiado por um tempo”, explica o especialista.

Imagem: Envato