Comportamento

Outubro Rosa chama atenção para a saúde das mulheres no trabalho

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A pressão profissional e a carga mental excessiva estão entre as principais causas de adoecimento das mulheres brasileiras no trabalho. Segundo o relatório Women @ Work 2024 da Deloitte, 53% das profissionais no país relatam níveis mais altos de estresse em relação ao ano anterior, e apenas 28% afirmaram receber suporte adequado de suas empresas para lidar com a saúde mental. Nesse contexto, o Outubro Rosa chama atenção para a necessidade de cuidado com o bem-estar físico e emocional das colaboradoras.

Desde 2024, os chamados riscos psicossociais em empresas passam a ser obrigatoriamente monitorados entre os riscos ocupacionais. A advogada e psicóloga Jéssica Palin Martins, especialista em saúde emocional corporativa, explica que questões psicossociais afetam diretamente a saúde integral das mulheres. “O corpo feminino reage de forma intensa ao estresse contínuo. Ambientes hostis e ausência de apoio institucional ampliam quadros de insônia, distúrbios hormonais, baixa imunidade e até sintomas psicossomáticos”, observa.

Segundo a especialista e fundadora da plataforma de gestão emocional em empresas IntegraMente, o ambiente de trabalho é um espaço determinante na promoção da saúde física e emocional. “Prevenção também significa criar segurança psicológica. Empresas que investem em diagnósticos emocionais e devolutivas para lideranças reduzem afastamentos e fortalecem a cultura de cuidado”, acrescenta.

A desigualdade na divisão de tarefas domésticas amplia o desgaste emocional, imergindo as mulheres em duplas ou triplas jornadas de trabalho. Dados do IBGE mostram que, em 2022, as mulheres dedicaram, em média, 9,6 horas por semana a mais do que os homens aos afazeres domésticos e ao cuidado de pessoas: 21,3 horas semanais contra 11,7 horas no caso dos homens. Essa sobrecarga, somada à rotina corporativa, intensifica o cansaço físico e emocional, sobretudo em cargos de alta responsabilidade.

Para a especialista, o avanço das políticas de saúde mental depende de compromisso contínuo das empresas. “O emocional não pode ser tratado como tema de campanha. Ele precisa estar previsto na política interna, com metas, orçamento e mensuração. Ambientes que cuidam de forma estruturada previnem adoecimento e fortalecem vínculos de confiança”, defende.

Martins destaca ainda o papel das lideranças femininas nesse processo: “Gestoras identificam sinais de esgotamento mais cedo porque vivenciam esses desafios na própria trajetória. Criar espaços de escuta genuína e apoio mútuo entre mulheres é uma das formas mais eficazes de transformar a cultura emocional das empresas”.

Imagem: Freepik

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