Economia
Para a maioria das pessoas, qualidade de vida piorou na volta do trabalho presencial
Deslocamento e menos tempo para atividades pessoais faz com que trabalhadores se sintam menos produtivos e motivados no trabalho
De acordo com um estudo publicado em junho deste ano pela Infojobs em parceria com o Grupo Top RH, 64,4% das pessoas entrevistadas tinham notado que a qualidade de vida caiu com retorno ao trabalho presencial. Além disso, 58,8% dos respondentes afirmaram se sentir menos produtivos ao final de um dia de trabalho na empresa, enquanto somente 21,3% se sentem mais produtivos.
Essa realidade é um retrato da insatisfação dos funcionários após a volta à rotina presencial depois da pandemia. A crise sanitária fez a maioria das empresas se adaptarem a novas formas de trabalho, e criou oportunidades para os trabalhadores. Um exemplo disso é que profissionais capacitados de diversas partes do Brasil puderam ocupar vagas em outras cidades, o que antes não seria possível.
Outro grande ponto positivo do modelo de trabalho remoto é que há a economia do tempo de deslocamento, que pode ser grande em centros urbanos como São Paulo, por causa da distância e do trânsito. Tudo isso faz com que a qualidade de vida das pessoas que tiveram que voltar de forma brusca ao escritório tenha diminuído. Segundo o mesmo estudo, em quase 80% dos casos, os funcionários não foram consultados para a volta do trabalho presencial.
A qualidade de vida é um conceito que envolve tempo com a família, lazer, descanso, tempo para cuidar da saúde e para cultivar uma vida própria. Segundo o psicólogo clínico Odamir Meira Jr., autor do livro “As Nossas Escolhas”, “se o ambiente de trabalho não é agradável ou a qualidade de vida é insuficiente, aumentam o estresse e a insatisfação, assim como os conflitos entre as pessoas. Excesso de trabalho, má alimentação, sedentarismo, falta de sono, engarrafamentos diários, poucos momentos de tempo livre: essa atmosfera permeia o cotidiano de muitos moradores das capitais brasileiras.”
Mas na hora do retorno aos escritórios, 73,9% afirmam que o RH da empresa não criou ações visando uma melhor gestão e engajamento para a volta. Como forma de contornar o problema, os entrevistados apontam soluções como horário flexíveis (23,1%), ações pensando em bem-estar e saúde mental (21,8%) e remodelação do escritório (18,4%).
De acordo com Odamir, as soluções perpassam por bom-senso da empresa: “Pode não haver um trabalho perfeito, mas deve haver condições de trabalho ideais e respeitosas, tanto de acordo com as leis quanto com questões individuais. Os profissionais devem buscar essas condições, realizações pessoais, além das realizações profissionais. Além do mais, todo trabalho onde se prioriza o ser humano como como um ser capaz de ser visto, com certeza isto se refletirá no trabalho, mas também na vida pessoal”, afirma.