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Para SBVC, competição entre varejo nacional e lojas chinesas é injusta

Em entrevista à Central do Varejo, vice-presidente da entidade afirma que empresas de fora se beneficiam de “limbo regulatório”

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As compras online em sites estrangeiros se tornaram cada vez mais populares entre os brasileiros. Porém, nas últimas semanas taxação sobre essas transações tem gerado bastante polêmica. A Receita Federal do Brasil determina que compras feitas em sites do exterior com valor acima de US$50 sejam tributadas com uma taxa de importação. Essa medida tem gerado discussões sobre os impactos econômicos para o consumidor e para o comércio brasileiro. Pensando nisso, a Central do Varejo conversou com Alberto Serrentino, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). Na entrevista, ele explica que as regras atuais criam uma situação desfavorável para o varejo nacional. Afinal, uma empresa que deseja comprar um produto do exterior para revender no mercado brasileiro precisa pagar uma série de taxas, enquanto o consumidor que faz a aquisição de forma direta em sites estrangeiros não está sujeito a nenhuma cobrança.

Veja a seguir os impactos e vantagens que a medida pode trazer para o mercado brasileiro na avaliação de Serrentino.

Qual impacto o fim da isenção de impostos para importações de até US$50 deve ter no varejo nacional?

O impacto é difícil de ser mensurado. No ano passado, os brasileiros compraram R$50 bilhões em transações via cross border, o que é um volume expressivo. Ao aplicar uma tributação de 60% sobre esse tipo de operação, certamente a demanda vai sofrer e cair pois os preços vão aumentar e isso vai tirar um pouco de atratividade desse tipo de venda. Teremos uma isonomia maior na competição entre empresas de estabelecidas no Brasil e empresas que vendem via cross border e vinham se beneficiando desse limbo regulatório para processar vendas entre empresas e consumidores sem recolhimento de impostos, o que não era o espírito da regra.

Quais dificuldades o varejo nacional têm enfrentado para competir com plataformas de e-commerce do exterior?

Há duas dificuldades na competição. A primeira é que obviamente a China é um país com uma competitivida deem preço e oferta de produtos de consumo muito grande, tanto é que boa parte do varejo brasileiro se abastece de lá. É bom que se lembre sempre que muitas dessas plataformas não vendem nada, elas só intermediam. Não são varejistas, são marketplaces

Obviamente que quando uma empresa importa um produto da China ela tem que arcar com todo o custo de importação, ter capital de giro para isso, antecipar de impostos, recolher todos os tributos e taxas aduaneiras. Depois ela tem que pagar todos os tributos sobre a venda dos produtos e arcar com o custo do estoque. Então, quando você está competindo uma empresa que manda um produto que vai direto pro consumidor e não sofre nenhum tipo de tributação, nem na saída nem na entrada, isso se torna uma competição não isonômica e injusta.

A tributação nivela a competição, mas não elimina o problema de competitividade do Brasil. Então provavelmente vai continuar havendo entrada de produtos que serão atraentes mesmo com incidência de 60% de impostos.

Além dos desafios para o varejo nacional, a China também traz oportunidades?

O que o Brasil não está fazendo e não está se beneficiando é da oportunidade que isso gera para exportação e venda de produtos e marcas brasileiras para o mundo. Porque isso é uma prática comum e que muitas empresas e marcas estão explorando e desenvolvendo. A China é um país que compra muito também via cross border. Não é só venda, eles compram e consomem muito.

De que maneira as redes varejistas nacionais podem aproveitar essa medida do governo para ampliar suas vendas e fortalecer a relação com o consumidor?

O que pode favorecer algumas empresas é exatamente o fato de a competição ficar mais nivelada e os produtos estão entrando e competindo nessa modalidade de venda vão se tornar menos competitivos.

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Imagem: Divulgação

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