Comportamento
Políticas raciais como aliadas no desenvolvimento empresarial
Diversidade racial e de gênero não são apenas uma questão de justiça social, mas também se mostram estratégicas para o desempenho econômico
Nos últimos anos, a discussão sobre diversidade racial tem ganhado destaque em diversos setores da sociedade, sobretudo em ESG nas empresas. Segundo dados da Fundação Lemann, empresas com maior percentual de mulheres e pessoas negras nas lideranças apresentam melhor desempenho criativo e financeiro. Entretanto, o IBGE aponta que menos 5% das lideranças nas 500 maiores empresas do país são negras.
Enquanto na esfera pública, avançamos com Ministérios mais representativos, na esfera privada, é preciso assumir responsabilidade durante todo o ano, não apenas em novembro, no mês da Consciência Negra. É o que afirmam Luana Corrêa (Gerente de Comunicação e Novos Negócios RJ na Mais Diversidade) e Natália Paiva (Diretora Executiva do Mover – Movimento pela Equidade Racial), sobre o fomento a políticas raciais que contribuam com o desenvolvimento nacional nas esferas social e econômica.
Segundo Natália, é preciso promover a diversidade, a inclusão e a equidade. “Diversidade é pensar na representação de diferentes grupos humanos, ou seja, o foco é na demografia. Mas a inclusão é como as práticas se dão para as pessoas se sentirem de fato parte da organização, e equidade racial trata de como os processos são adequados para todos. Por isso, é importante destacar que não se trata somente de promover acesso a vagas de trabalho, mas de oferecer ferramentas para que carreiras negras sejam impulsionadas”, afirma a diretora.
Luana Corrêa explica como é necessário mover forças para enfrentar esse problema histórico. “O racismo afastou pessoas negras de oportunidades ao longo da história e hoje vivemos a consequência disso. É importante encarar esse problema de frente, com ações intencionais e propostas diretas para atração, retenção, desenvolvimento e valorização de pessoas negras em diferentes espaços. Também é importante fazer com que pessoas negras participem das tomadas de decisão nesses processos de inclusão”, explica a gerente de comunicação.
Segundo a pesquisa recente “167 anos” do ID_BR, realizada a partir de uma longa série histórica, com dados do Caged e do IBGE, se mantivermos o ritmo atual serão necessárias 3 gerações até atingirmos a igualdade racial no mercado de trabalho brasileiro em temas como participação, liderança, equiparação salarial, por exemplo. Esse dado aciona um alerta quanto ao desenvolvimento socioeconômico do país, considerando as perdas individuais e também empresariais nestes 167 anos.
Enquanto Ministérios mais representativos são fundamentais para garantir que as políticas públicas sejam mais inclusivas e atendam às necessidades da população brasileira formada por 56% de pessoas negras, no setor privado, adotar políticas que promovem a diversidade racial resultam em benefícios substanciais. A estatística de uma pesquisa da McKinsey, de que empresas com diversidade racial têm 35% mais chances de ter rendimentos acima da média, ressalta a interseccionalidade das questões relacionadas à diversidade e destaca a importância de abordar múltiplos aspectos da inclusão no ambiente de trabalho.
Imagem: Cytonn Photography na Unsplash