Pós-NRF Goakira Omnibiz: Insights e Tendências

Para quem não pôde ir ao maior evento de varejo do mundo, a Feira NRF em Nova York, ou mesmo para quem foi e ainda queria discutir sobre os temas com outros colegas, a Goakira Omnibiz promoveu o Pós-NRF, que aconteceu ontem, em São Paulo, no Auditório Santander. Com cerca de 300 pessoas, entre representantes de marcas, donos de empresas e interessados pelo universo do varejo, o evento contou com apresentações sobre omnichannel, lojas conceito visitadas na NRF, TikTok, inteligência artificial e muito mais.

Na abertura do evento, Daniel Zanco, sócio da Goakira Omnibiz, expôs um resumo – estruturado exatamente nesse formato – dos principais pontos discutidos na feira da NRF. Ele falou sobre inteligência artificial, e sobre o fato de ela ser uma grande ferramenta de melhoria de processos já necessários, como a logística. Um exemplo disso é que a maioria das pessoas que compram na Amazon tomam essa decisão pela facilidade do processo, e não pelo preço. A gigante do varejo consegue processar um pedido em poucos segundos, o que eleva a exigência dos consumidores quando o assunto é tempo de entrega. 

De acordo com Zanco, metade dos consumidores brasileiros gostam do self-checkout, mas a omnicanalidade ainda é um desafio no país. O sócio da Omnibiz falou sobre como uma marca pode se destacar em relação às outras, e que, de forma majoritária, são os varejistas que têm que se adaptar aos clientes, e não os clientes aos varejistas. Afinal, poucas marcas oferecem tanta exclusividade a ponto de evitar que o consumidor simplesmente compre de outra empresa de maneira mais cômoda. Para se conseguir preços baixos, uma marca necessita de produção em larga escala e eficiência operacional, de acordo com o exposto por Zanco. Uma forma de ganhar espaço em relação ao digital é oferecendo serviços em vez de produtos, uma vez que dificilmente o e-commerce consegue disponibilizar serviços.

Varejo omnicanal

Talvez o ponto mais discutido em todo o evento tenha sido sobre a necessidade urgente de estabelecer processos omnicanal no varejo. Isso ocorre porque o consumidor já é omnicanal. De acordo com a fala de Fernando Yunes, do Mercado Livre, na NRF, 70% das pessoas buscam produtos em marketplaces antes de ir à loja física, e 80% dessas buscas são sem marcas. Por isso, o vendedor precisa estar preparado para atender o consumidor considerando o processo omnichannel. Um ponto destacado por Zanco é que conhecer o cliente é uma ferramenta poderosa e uma grande tendência, e as pessoas estão dispostas a pagar mais por isso.

Dessa forma, é preciso que, ao chegar em uma loja, o consumidor seja recebido por vendedores que já conhecem seu histórico de compras, seu perfil, e que esteja pronto para entregar o produto necessário (com cores, tamanhos e outras variedades disponíveis) o mais rápido possível, da maneira mais cômoda possível para o cliente.

Depois da apresentação de Zanco, Andre Viana, representante da Wake, falou sobre as características do novo consumidor e sua relação com as redes sociais nas compras digitais. Segundo ele, 80% dos consumidores querem avançar rapidamente entre a inspiração e a compra; 54% preferem não sair da rede social onde estão para completar uma transação; 60% citam a economia de tempo como o maior benefício das compras online e 42% consideram a entrega rápida como um benefício essencial. 

Varejo omnicanal na prática

Marina Canto, Diretora de Produto na Vivara, explicou sobre como o varejo omnicanal tem sido aplicado na prática na varejista de joias, e como isso tem gerado sucesso para a marca. De acordo com ela, as vendedoras da Vivara são treinadas para acessar o ipad quando recebem o cliente, e lá têm acesso aos dados e compras anteriores deles. Atualmente 70% das compras online feitas na Vivara passam por uma atendente, e muitas vezes os clientes conseguem, inclusive, chamar as vendedoras por whatsapp e encomendar joias rapidamente, para serem recebidas em casa em poucas horas. Mesmo que um cliente chegue a uma loja e lá não esteja disponível no estoque o produto desejado, a vendedora consegue fazer o pedido online para que o consumidor receba o produto em pouco tempo. Canto também destaca que as vendedoras são remuneradas para ter esse conhecimento e atendimento especializados.

Em entrevista exclusiva para a Central do Varejo, Canto conta sobre suas impressões na NRF 2024: “A primeira coisa é com o varejo físico e online trabalhando juntos, na omnicanalidade. A gente precisa ter o melhor de cada canal. Então no online a gente precisa ter a base de produto disponível com facilidade de acesso e transação, tem que ser click and go, rápido para o cliente, com muita informação de produto, porque não tem uma vendedora ali ajudando. Eu tenho que acordar todo dia e perguntar “como meu cliente vai querer vir para minha loja?”. Porque facilidade de produto ele tem muito mais pelo telefone, então a minha loja tem que agregar na experiência – a música, o cheiro convidativo, o produto bem comunicado. E a inteligência artificial não tem que ser uma coisa mega futurística, mas sim melhorar os nossos processos. A gente vê no Brasil desafios fiscais, geográficos, territoriais, em que a inteligência artificial pode ajudar”, afirma a diretora de produtos da Vivara.

Redes sociais no varejo

Dando prosseguimento ao evento, Isabella Venâncio, Gerente de Desenvolvimento do TikTok, fez uma apresentação semelhante à que ocorreu na própria NRF. Ela explicou como a publicidade dentro da plataforma de entretenimento alavanca marcas e vendas – inclusive, as visitas nas lojas físicas, segundo pesquisas recentes do TikTok. Segundo Venâncio, diferente do Instagram ou do X, por exemplo, o TikTok não é uma rede social, em que se entra para se atualizar, mas uma plataforma de entretenimento, acessada pelas pessoas para assistir ao feed de tela cheia. Assim, as pessoas prestam atenção unicamente no TikTok quando estão na plataforma, e não em múltiplas telas como ocorre em outros locais, aumentando o potencial de vendas.

Além disso, o TikTok tem sido cada vez mais usado como uma ferramenta de busca e pesquisa, e muitas pessoas utilizam, inclusive, a plataforma para pesquisar sobre marcas antes de comprar. Venâncio deu vários exemplos de marcas que tiveram sucesso vendendo no TikTok, como a marca de tecnologia têxtil Insider. Também foi exposto como as pessoas preferem ver conteúdos em vídeos curtos feitos por marcas do que publicidades diretamente expostas. Assim, parcerias – ou collabs – entre marcas e influencers fazem muito sucesso e convertem muitas vendas.

Lojas conceito

O último momento do Pós-NRF da Goakira Omnibiz foi uma apresentação de algumas lojas conceito interessantes visitadas em Nova York pelos credenciados na NRF. A apresentação foi conduzida por Jorge Inafuco e Anelise Campoi, que passaram pelas lojas. Algumas das ideias citadas foram:

Portuguese Sardine

Quanto custa uma sardinha? 5 reais? 1 dólar? Não na Portuguese Sardine. Na loja conceito portuguesa, você pode comprar uma por 15 dólares, cerca de 74 reais. A loja fica no coração da Times Square, e é um dos pontos mais visitados por turistas 

Tiffany & Co.

A loja da Tiffany & Co. é uma das mais emblemáticas lojas conceito de Nova York, em que a visita é realmente imersiva. Cheia de obras de arte e da cor “azul Tiffany”, a loja também tem partes dedicadas ao filme bonequinha de luxo. 

Atelier Jolie

Angelina Jolie abriu uma loja conceito em um edifício histórico em NYC, antigo atelier do artista Andy Warhol, do Pop Art. Lá, os clientes têm paredes em branco alternando com espaços completamente habitados por obras de arte, inclusive, feitas pelos próprios clientes. Também, há piano, customização de camisetas e um café, que é possível visitar sem agendamento. No Atelier Jolie, pessoas refugiadas trabalham, como parte da missão humanitária da atriz.

Petco

Já imaginou um lugar em que você pode lavar seu pet, levá-lo para o barbeiro e comprar snaks para ele? Essa é a loja conceito da Petco em Nova York, um verdadeiro paraíso dos pais de pet.

Imagens: Goakira Omnibiz