E-commerce
Privalia busca ir além das ofertas através de novo modelo de negócio
Antes especializada na venda de produtos em liquidação, a empresa passa a oferecer outros produtos das empresas parceiras
A Privalia, empresa de comércio eletrônico, está passando por uma mudança significativa em seu modelo de negócios no Brasil. Em vez de oferecer apenas itens em liquidação de marcas conhecidas, como Colcci, Levis, Reserva e Spicy, o site agora irá disponibilizar todos os produtos que suas empresas parceiras desejarem vender, segundo informações divulgadas pelo Brazil Journal.
As marcas terão espaços exclusivos no site para ofertar seus produtos, tendo controle sobre o portfólio, preço e entrega. Essa nova abordagem, já implementada pelo grupo controlador francês Veepee na Europa há três anos, está em fase de testes no Brasil e tem previsão de lançamento oficial para o segundo semestre.
O CEO da Privalia, Fernando Boscolo, estima que essa nova frente de negócios será responsável por 15% a 20% da receita em até cinco anos, enquanto na Europa corresponde a 10%. Além de expandir o mercado potencial, essa mudança busca trazer mais equilíbrio ao ciclo de vendas. O modelo atual da Privalia, que tende a crescer durante crises quando as marcas precisam liquidar seus estoques excedentes, não é viável em cenários negativos mais prolongados, pois as empresas reduzem a produção e prejudicam a disponibilidade de produtos para a Privalia.
Embora a receita da Privalia tenha crescido 35% em 2020 devido ao aumento das vendas online durante a pandemia, a alta nos anos seguintes tem sido inferior a dois dígitos. Para 2023, espera-se uma expansão entre 10% e 15% nas negociações de produtos em liquidação. No entanto, especialistas do setor de varejo apontam que nenhum site está desempenhando um bom trabalho no mercado de moda, especialmente no setor premium. A Privalia parece estar se preparando para ocupar esse espaço, mas a transição não será simples.
Um dos riscos está em acabar com o diferencial da empresa e confundir os clientes atuais, que buscam principalmente descontos. Atrair usuários será um desafio relevante, considerando a estratégia de baixo investimento em marketing da Privalia, que aposta no “member get member” e no poder das marcas. Apesar disso, a empresa apresenta uma operação saudável, com receita em torno de R$1 bilhão, margem EBITDA de cerca de 6% e ausência de dívidas.
Vale ressaltar que, no passado, a Privalia considerou abrir seu capital em meio ao boom das empresas de tecnologia, mas a oferta pública inicial não se concretizou, mesmo após uma redução significativa na avaliação da empresa. O grupo controlador, Veepee, ainda pretende vender a operação, seja por meio de uma oferta pública ou para outra empresa, como ocorreu com a Privalia México, adquirida pelo grupo local Axo em 2019. O CEO da Privalia enfatiza que essa é uma decisão do grupo controlador e não uma necessidade operacional, já que a operação brasileira é completamente separada das operações na Europa, onde há sinergia entre os diferentes países.
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