Investimentos
Private equity: o que é e como funciona
No mundo dos investimentos, existe um segmento que cresce de forma acelerada, o Private Equity. Esse modelo de investimento movimenta bilhões de dólares no mundo todo e tem se tornado uma peça-chave no desenvolvimento e na expansão de empresas privadas.
O que é private equity?
Private Equity é uma modalidade de investimento feita em empresas de capital fechado, ou seja, que não possuem ações negociadas na bolsa de valores. Os investidores aplicam recursos por meio de fundos especializados com o objetivo de adquirir participação nessas empresas, promovendo melhorias operacionais, expansão e, posteriormente, vendendo essa participação com lucro.
É uma estratégia voltada para empresas que já possuem um modelo de negócios consolidado, com histórico de operação, mas que necessitam de recursos ou de uma gestão mais eficiente para acelerar seu crescimento ou realizar uma reestruturação.
Como funciona o private equity?
O funcionamento de um fundo de Private Equity segue basicamente quatro etapas principais:
1. Captação de recursos (fundraising)
O primeiro passo é a captação de recursos junto a investidores institucionais, como fundos de pensão, seguradoras, bancos, family offices e investidores qualificados. Essa fase pode levar meses ou até anos, dependendo do tamanho e do foco do fundo.
2. Seleção das empresas (sourcing e due diligence)
Com os recursos captados, os gestores do fundo passam a buscar empresas-alvo que se enquadrem no perfil desejado. Após encontrar oportunidades, realizam uma análise rigorosa, conhecida como due diligence, que avalia aspectos financeiros, contábeis, jurídicos, operacionais e de mercado.
3. Aquisição e gestão
Após a análise, o fundo adquire uma participação relevante na empresa, que pode ser majoritária (mais de 50%) ou minoritária, dependendo do acordo. Nesse momento, a equipe do fundo passa a atuar ativamente na gestão, trazendo melhorias operacionais, estratégias de crescimento, profissionalização da governança e até ajustes financeiros.
4. Desinvestimento (exit)
Após alguns anos — geralmente entre 4 e 7 anos —, o fundo busca vender sua participação, concretizando o retorno sobre o investimento. A saída pode ocorrer de diversas formas: venda para outro fundo, venda para uma empresa do mesmo setor (investidor estratégico), fusão, aquisição ou abertura de capital (IPO).
Quais empresas atraem private equity?
As empresas que costumam atrair investidores de Private Equity possuem características específicas, como:
- Histórico operacional consistente.
- Potencial de crescimento acelerado, seja por expansão geográfica, aumento de portfólio ou consolidação no mercado.
- Necessidade de capital para financiar projetos, aquisições ou reestruturações.
- Empresas familiares que buscam resolver questões de sucessão ou desejam profissionalizar a gestão.
- Negócios em setores considerados resilientes, como saúde, tecnologia, educação, agronegócio e energia.
Diferença entre private equity e venture capital
Embora muitas pessoas confundam Private Equity com Venture Capital, existem diferenças bem claras entre essas duas modalidades de investimento.
O Private Equity investe em empresas mais maduras, que já possuem um modelo de negócio validado e estão em estágio avançado de operação. Essas empresas geralmente precisam de capital para expansão, aquisição de concorrentes ou reestruturações. Os valores investidos costumam ser altos, frequentemente na casa de dezenas ou centenas de milhões de reais, e a participação adquirida é geralmente majoritária ou significativa, permitindo maior influência na gestão da empresa.
Por outro lado, o Venture Capital foca em startups ou empresas em estágio inicial, com modelos de negócios ainda em fase de validação ou crescimento acelerado. O risco nesse tipo de investimento é mais elevado, assim como o potencial de retorno. Os aportes são menores quando comparados ao Private Equity, e a participação costuma ser minoritária, com menor influência direta na gestão.
Vantagens do private equity
Para as empresas
- Acesso a capital: Possibilita financiar expansões, aquisições ou modernização do negócio sem necessidade de recorrer ao mercado de capitais.
- Melhoria na gestão: Os fundos trazem profissionais especializados que ajudam a implementar processos, governança corporativa, controle financeiro e gestão estratégica.
- Aumento da competitividade: Com recursos e suporte estratégico, a empresa consegue ganhar escala, melhorar margens e ampliar seu mercado de atuação.
- Sucessão empresarial: Muitas empresas familiares utilizam Private Equity como solução para a falta de sucessores, permitindo a profissionalização do negócio.
Para os investidores
- Potencial de alto retorno: O Private Equity, historicamente, apresenta taxas de retorno superiores à média de ativos tradicionais como ações e renda fixa.
- Diversificação: Permite diversificar o portfólio, reduzindo a correlação com ativos listados em bolsa e protegendo contra oscilações de mercado.
- Influência direta: Diferente de investimentos passivos, os investidores têm participação ativa nas decisões estratégicas da empresa investida.
- Valorização sustentável: O retorno é baseado no crescimento real da empresa, e não apenas na especulação de mercado.
Desvantagens e riscos do private equity
Apesar dos benefícios, o Private Equity não está isento de riscos e desafios:
- Baixa liquidez: O capital investido fica comprometido por anos, sem possibilidade de resgate no curto prazo.
- Riscos operacionais: O sucesso depende da execução das melhorias operacionais e da gestão eficiente da empresa.
- Riscos de mercado: Fatores externos, como crises econômicas, mudanças regulatórias ou tecnológicas, podem impactar negativamente.
- Barreiras de entrada: Geralmente, é necessário ser um investidor qualificado e dispor de valores elevados para participar dos fundos.
Tendências do mercado de private equity
O mercado de Private Equity está em constante evolução, com algumas tendências bastante evidentes nos últimos anos:
- Investimentos em ESG: Crescente interesse por empresas que adotam práticas sustentáveis e responsáveis nos aspectos ambiental, social e de governança.
- Setores de tecnologia e saúde: Forte apetite por empresas ligadas a tecnologia, saúde digital, fintechs e inteligência artificial.
- Foco em consolidação de mercados: A estratégia de comprar empresas menores para formar grupos mais robustos tem sido muito utilizada.
- Expansão em mercados emergentes: Crescimento de investimentos em países da América Latina, Ásia e África, que oferecem alto potencial de crescimento.
- Digitalização: Fundos estão buscando digitalizar processos, melhorar eficiência e investir em empresas que ofereçam soluções tecnológicas.
Como investir em private equity?
Existem três formas principais de se expor a investimentos em Private Equity:
- Fundos estruturados: São oferecidos por gestoras especializadas e geralmente disponíveis apenas para investidores qualificados.
- Club deals: Grupos de investidores que se unem para investir diretamente em empresas privadas, dividindo riscos e oportunidades.
- Plataformas de investimento: Algumas plataformas digitais estão democratizando o acesso a investimentos alternativos, incluindo oportunidades em empresas privadas.
No Brasil, os fundos de Private Equity são regulados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e, na maioria das vezes, estão restritos a investidores que possuem um determinado patrimônio ou conhecimento financeiro.