Connect with us

Economia

Retrospectiva 2023: qual o saldo anual para a economia do Brasil?

Segundo especialista, o saldo do ano é positivo, com superação das expectativas da população; porém, ainda há o que melhorar

Published

on

Bandeira do Brasil na Esplanada dos Ministérios

O ano de 2023 vai para seus atos finais e, a essa altura, podemos fazer um balanço do que funcionou e o que não deu certo para a economia do Brasil. Em outubro do ano passado, com a vitória do PT para a presidência, a expectativa dos investidores era de um desastre econômico. Porém, ao longo do ano, os ânimos foram se acalmando, e novos caminhos foram sendo traçados para a economia brasileira. 

Em dezembro de 2023 acumulamos algumas vitórias para a economia do Brasil. Entre elas, o Brasil teve seu menor índice de desemprego dos últimos oito anos, em 7,7%. No início de agosto, o Banco Central anunciou, pela primeira vez em três anos, a redução da taxa de juros, sob muita pressão não cedida pelo governo Lula. Além disso, o programa Desenrola renegociou dívidas de mais de 10 milhões de pessoas, que estavam com o nome no vermelho. Recentemente, a reforma tributária ainda foi anunciada, o que é uma medida aguardada há décadas. Ainda, o Brasil voltou para o Top 10 das maiores economias do mundo, subindo duas posições no ranking, da 11ª para a 9ª.

Por outro lado, ainda há o que melhorar no Brasil. Na COP28, nos Emirados Árabes, o Brasil ganhou um antiprêmio de pior decisão ambiental, o que impacta – e muito – a economia do país, uma vez que a sustentabilidade tem estado no centro de todas as discussões com o caos climático que o planeta está vivendo. Além disso, a meta fiscal estipulada por Haddad, de manter o déficit primário de 2023 em 1% do PIB do país não foi cumprida. Sem contar que a reforma tributária, apesar de anunciada, contou com diversas concessões, não sendo o ideal desejado pela população.

O especialista em finanças Hulisses Dias comenta que, no final das contas, o resultado foi bom para a economia em 2023. “Acredito que o saldo foi muito positivo, porque a gente conseguiu deixar os principais indicadores macroeconômicos em estabilidade. A gente pode falar isso em relação ao PIB, ao desemprego e também à inflação. Do ponto de vista do mercado financeiro, a gente viu uma queda do valor do dólar em relação à nossa moeda, e isso reflete uma força da economia do Brasil. Foi um resultado acima das expectativas pelo menos”, afirma.

Inflação

Talvez o maior medo dos investidores no início do ano fosse em relação à inflação. “A partir de novembro de 2022, logo após a eleição, a gente já começou a ver os juros futuros, que é um indicador em tempo real do preço do dinheiro e do ambiente de risco brasileiro, cair vertiginosamente”. Porém, os medos não foram concretizados. “A gente termina o ano de 2023 com uma variação do PIB de 3.1% e a inflação na ordem de 4 pontos, 68% nos últimos 12 meses, ou seja, dentro da meta”, afirma Dias.

No primeiro semestre de 2023 houve uma queda de braço entre o Presidente Lula e o Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Lula pressionava por uma baixa na taxa de juros, enquanto Campos Neto resistia. Somente na quinta reunião do ano, em agosto, é que a taxa começou a cair, e segue na quarta queda consecutiva em dezembro, que deve continuar em 2024.

O Ibovespa fechou, no dia 14 de dezembro, com a maior alta histórica, de 130.842 pontos, o que representa uma alta de 19% no ano. O dólar esteve, na maior parte do tempo, mais barato em relação à moeda brasileira. Todo esse cenário é positivo para os investidores, mas a inflação, que esteve em alta durante muito tempo, ainda impacta muitos consumidores brasileiros.

Varejo

Apesar dos bons resultados para a economia do Brasil em 2023, o varejo não saiu triunfante. O crescimento para a indústria e o comércio foi, nas palavras de Dias, “anêmico”, e contou com a pior Black Friday da história, e baixa nos resultados de Natal.  Além disso, no primeiro semestre, o Brasil teve 427.934 empresas fechadas, e, de acordo com relatório da Contabilizei, o país fechava mais empresas que abria na época.

Também, esse foi o ano das recuperações judiciais: em novembro deste ano, houve um aumento de 196,6% em pedidos em comparação com o mesmo período do ano passado. As empresas mais prejudicadas foram as PME’s.

“Acredito que grande parte desse desapontamento com relação ao varejo tem relação com o endividamento das famílias brasileiras. Em julho, quase 78% das famílias estavam endividadas. Além disso, a taxa de juros ficou alta durante muito tempo e isso com certeza impactou a pujança do varejo”, afirma Dias.

Perspectivas para a economia do Brasil em 2024

Diante de um ano de várias vitórias, mas também de problemas, a pergunta que não cala é “como deve ser 2024?”. É claro que, da mesma forma que as previsões para 2023 não se cumpriram, não é possível ter uma visão exata do que vai acontecer no próximo ano. Porém, o especialista em finanças dá alguns direcionamentos: ‘Para 2024 as expectativas são de que a gente tenha muita turbulência com relação à eleição americana, a gente espera também que essa queda do juros continue e alcance algo próximo dos 10% e estimule o consumo de brasileiros, alavancando as vendas do varejo, o que leva a uma demanda por trabalho e tende a diminuir o nosso desemprego ainda mais”.

Também, a soma dos resultados positivos vistos até o momento (diminuição do desemprego, da inflação e nomes limpos) pode gerar mais poder de compra para a população comum. “A população espera que em algum momento essa prosperidade econômica brasileira se reflita na maior capacidade de botar as crianças na escola, comprar coisas para casa, de poder aquisitivo para o lazer e de renovação de itens mais caros”, reflete Dias.

Sobre o que ainda falta melhorar no próximo ano, o especialista comenta: “Acredito que um dos principais pontos de melhora em 2024 é o controle dos gastos públicos, uma maior produtividade do trabalhador brasileiro, e também voltar a discutir a educação no Brasil de uma forma séria”, afirma ele.

Imagem: Agência Brasil