Operação
Ruptura de itens básicos volta a subir nos supermercados em novembro
O Índice de Ruptura da Neogrid, que mede a falta de produtos nas gôndolas dos supermercados brasileiros, alcançou 11,2% em novembro, com alta de 0,2 ponto percentual em relação a outubro. O avanço foi influenciado pela maior indisponibilidade de marcas em categorias consideradas essenciais, como leite UHT, feijão, arroz, ovos de aves e azeite. No período, o café foi o único item a apresentar queda na ruptura.
Segundo a Neogrid, o movimento ocorreu em um contexto de estoques mais elevados e preços médios mais baixos, que estimulou o consumo e acelerou o giro nas lojas. “O aumento da ruptura em novembro não decorre de falta estrutural de abastecimento, mas sim de um fenômeno típico de períodos promocionais: a ruptura por mix. Com estoques mais elevados e preços mais baixos, o consumidor antecipou compras e formou estoques domésticos, acelerando o giro nas lojas”, afirma Robson Munhoz, Chief Relationship Strategist da Neogrid. “Esse comportamento, somado à forte Black Friday e à preparação para o Natal, gerou indisponibilidade pontual em algumas marcas e variedades, mesmo com a indústria e o varejo operando com níveis robustos de abastecimento.”
Munhoz acrescenta que a dinâmica comercial do varejo também contribui para o cenário. “Em um ambiente de negociações intensas, a busca por melhores condições comerciais pode levar à substituição de marcas na gôndola. Nesses casos, a ruptura reflete ajustes de sortimento e estratégia comercial, e não necessariamente uma restrição produtiva ou falta de oferta da categoria”, diz.
Categorias com aumento de ruptura
Entre os itens analisados, o leite UHT apresentou a maior variação, passando de 6,7% em outubro para 13,1% em novembro, avanço de 6,4 pontos percentuais. O aumento ocorreu junto a recuo nos preços médios em todas as variedades. O leite integral caiu de R$ 5,48 para R$ 5,32, o semidesnatado de R$ 5,73 para R$ 5,49, o desnatado de R$ 5,64 para R$ 5,45 e o sem lactose de R$ 7,08 para R$ 6,88.
O feijão registrou elevação de 1,9 ponto percentual na ruptura, de 5,2% para 7,1%. No período, os preços apresentaram comportamentos distintos entre os tipos. O feijão-vermelho recuou de R$ 13,41 para R$ 12,88, o feijão-branco manteve-se estável em R$ 18,45, o feijão-preto subiu de R$ 6,01 para R$ 6,09 e o tipo carioca permaneceu em R$ 7,06.
No arroz, a indisponibilidade passou de 5,4% para 6,9%, crescimento de 1,5 ponto percentual. Os preços médios mostraram estabilidade e leve queda. O arroz parboilizado recuou de R$ 5,12 para R$ 5,02, o branco caiu de R$ 5,50 para R$ 5,41 e o integral variou de R$ 11,29 para R$ 11,30.
Os ovos de aves apresentaram alta de 1,2 ponto percentual na ruptura, avançando de 22,9% em outubro para 24,1% em novembro. De janeiro a novembro de 2025, a escassez acumulada do item chegou a 22,3%. De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal, as exportações brasileiras de ovos cresceram 135,4% em 2025 na comparação com 2024, o que contribuiu para reduzir a oferta no mercado interno. Ao mesmo tempo, a demanda doméstica mais aquecida acelerou o giro no varejo e pressionou os estoques.
Os preços dos ovos variaram conforme a embalagem. A caixa com seis unidades caiu de R$ 8,64 para R$ 8,12, enquanto a de 12 unidades recuou de R$ 12,31 para R$ 11,82. As embalagens com 20 unidades tiveram queda de 0,64%, e as de 24 unidades registraram alta de 6,8%.
O azeite teve leve aumento de 0,4 ponto percentual na ruptura, passando de 8,3% para 8,7% em novembro, retornando ao nível observado em setembro. O preço médio do azeite de oliva extravirgem subiu de R$ 94,52 para R$ 95,44, enquanto o azeite virgem recuou de R$ 76,97 para R$ 75,87, mantendo trajetória de queda pelo segundo mês consecutivo.
Café registra queda na ruptura
Único item em baixa no mês, o café teve redução de 0,3 ponto percentual na ruptura, passando de 6,6% em outubro para 6,3% em novembro. Os preços apresentaram comportamentos distintos conforme o tipo. O café em grãos subiu de R$ 145,69 para R$ 148,76, enquanto o café em pó recuou de R$ 85,90 para R$ 85,55, movimento que contribuiu para estimular o consumo.
Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, o mercado cafeeiro brasileiro seguiu marcado pela volatilidade de preços em 2025, influenciado por condições climáticas adversas ao longo do ano e por ajustes entre oferta e demanda, o que exige maior planejamento de abastecimento por parte dos varejistas.
O que é ruptura
Ruptura é o indicador que aponta a porcentagem de itens em falta em relação ao total de produtos do catálogo de uma loja. Se um varejo comercializa dez marcas de um mesmo produto e uma delas está indisponível, a ruptura é de 10%. O cálculo considera o mix de cada loja, não leva em conta o histórico de vendas e independe da demanda.
A ruptura também ocorre quando uma variedade específica de um produto, como o arroz parboilizado, não está disponível, mesmo que outras versões, como integral ou agulhinha, estejam em estoque. Para fins de cálculo, o termo estoque inclui tanto os produtos expostos na gôndola quanto aqueles armazenados no espaço físico do varejo.
Imagem: Envato
