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Comportamento

Semana da mulher: principais dificuldades das mulheres no varejo

Sandra Takata, do Instituto Mulheres do Varejo, explica que humanização e conscientização do papel das empresas são fundamentais

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Homem de camisa branca pesa boneco azul representando homem em gangorra, com mulher em desprivilégio

A semana da mulher começou, e é hora de falar sobre as inúmeras dificuldades que esse grupo enfrenta na sociedade, inclusive, no varejo e no mercado de trabalho. De acordo com o IBGE, 44,9% dos assalariados são mulheres, frente a 55,1% de homens em 2021; além disso, elas ganham 16,3% a menos que os homens. 

A pandemia de Covid-19 causou impacto negativo na equidade de gênero no mercado de trabalho mundial. Uma recente pesquisa do Panorama Mulheres 2023 do Talenses Group e do Insper aponta que o número de mulheres em cargos de liderança aumentou no Brasil entre 2019 e 2022. Segundo o estudo, o número de CEOs mulheres passou de 13% para 17%, com a expectativa de chegar a 20% no próximo ano.

E por que buscar a igualdade entre homens e mulheres no mundo corporativo? Porque isso, além de respeitar os direitos humanos das mulheres, acrescentaria 13 bilhões ao PIB Global até 2025.

Para o Instituto Mulheres do Varejo, são três os grandes desafios  femininos nesse ramo: lideranças machistas, uma jornada de trabalho contínua e a maternidade. 62% das mulheres não estão satisfeitas com sua relação profissional com os homens, e apontam machismo, discriminação, preconceito, subserviência e papel coadjuvante como motivos. Além disso, 64% das mulheres declaram que precisam imprimir um estilo “masculino” para conseguir subir na carreira.

Para discutir essas questões, a Central do Varejo conversou com Sandra Takata, diretora do Instituto Mulheres do Varejo. Acompanhe a entrevista na íntegra:

Como tem sido a representatividade das mulheres no varejo hoje em dia?

Dentro do varejo você tem um número muito grande das mulheres na base, mas quando a gente fala de cargos de liderança, esse número ainda é muito baixo. Isso acontece por n situações, que vão desde falta de apoio em casa, ou mesmo empecilhos sociais, que faz com que as mulheres não tenham espaço por causa de maternidade, por exemplo.

É justamente esse trabalho de conscientização que a gente faz dentro do Instituto, para que mais mulheres possam estar onde elas queiram estar. O nosso propósito é transformar esse ambiente que é muito masculino, o varejo, num ambiente em que a gente possa fazer nossas escolhas. Que a gente possa ficar grávida na hora que a gente quiser, e se a gente quiser ser CEO ou exercer algum cargo de diretoria, que isso seja uma escolha nossa.

Como é o cenário de mulheres empreendedoras no varejo?

Como as mulheres não chegam em cargos de liderança, ou, muitas vezes, dividem o tempo cuidando dos filhos, isso faz com que as mulheres abram seus próprios negócios. Então muitas mulheres acabam indo para o empreendedorismo para ter uma agenda mais livre e fazer tudo que ela tem que fazer, muitas vezes sem contar com o apoio do parceiro.

O que os donos de empresas podem fazer para incluir e facilitar a presença de mulheres em posições de liderança?

Um dos maiores empecilhos que a gente tem é em relação à maternidade, porque isso é o que difere hoje o homem da mulher, e também é um dos pontos sobre o que mais se tem preconceito. Quando a mulher engravida, ela sofre uma pressão imensa da sociedade, não sabe se depois da licença maternidade vai poder voltar para o trabalho. Então, é preciso entender as necessidades das mulheres nesse momento.

Muitos líderes falam ‘Ah, mas isso não é o meu papel’. Mais do que nunca, a gente não pode depender de políticas públicas, senão a gente não muda o país, a gente tem de estabelecer cada vez mais uma conscientização do outro. Então acho que cabe a empresas, ao RH, à população, que proporcione às mulheres essa abertura do compartilhamento, da humanização, para que elas possam ocupar espaços.

A gente tem mulheres brilhantes. Então, hoje, a mulher tem que poder sim ser diretora, CEO, ter filho, levar o filho pra escola, dá para a gente dividir. Você sempre tem que pensar nesse cidadão que vai ser seu cliente. O machismo é tão grande que a gente começa, pela primeira vez, a ter uma queda de natalidade. Quem vão ser nossos clientes no futuro? São conversas que a gente tem que ter.

Imagem: Envato