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Tendências de IA que estão transformando o Trade Marketing
O trade marketing está passando por uma das transformações mais profundas desde o seu surgimento. Durante décadas, as decisões foram guiadas pela intuição e por análises demoradas. Hoje, a Inteligência Artificial (IA) está reescrevendo as regras do jogo — e não apenas como uma nova ferramenta tecnológica, mas como um verdadeiro divisor de águas na forma de pensar, planejar e executar as ações no ponto de venda.
Essa mudança não é uma tendência distante: mais de 70% das empresas brasileiras já adotaram algum tipo de IA generativa em suas operações de marketing, segundo pesquisas recentes. O que vemos é o início de uma nova era, em que a IA atua como um copiloto estratégico, potencializando as capacidades humanas e liberando os profissionais para focar no que realmente importa — estratégia, criatividade e conexão com o shopper.
O gestor de trade marketing do futuro (ou melhor, do presente) precisará unir duas forças: o conhecimento prático de negócio e a capacidade de usar a IA como uma aliada para transformar dados em inteligência e ações em resultados. A habilidade de prever, personalizar e automatizar deixará de ser um diferencial competitivo e passará a ser uma condição para sobreviver em um mercado cada vez mais dinâmico.
As Principais Tendências de IA no Trade Marketing
1. Hiperpersonalização em Escala
Em vez de campanhas “para todos”, a análise preditiva permite identificar microsegmentos de consumidores ou lojas com maior probabilidade de responder a determinada oferta, promoção ou exibição de produto.
A personalização se tornou o novo padrão de relacionamento com o consumidor. Com IA, é possível identificar comportamentos e preferências com uma precisão inédita, cruzando dados de compra, navegação e até imagens. Isso permite que cada cliente receba uma mensagem ou oferta sob medida.
Significa adaptar promoções, materiais de PDV ou merchandising conforme o perfil da loja ou regionalidade — não apenas por volume ou localização, mas por expectativa de resposta.
Consumidores preferem marcas que oferecem experiências personalizadas — e isso se traduz diretamente em maior engajamento e conversão no PDV.
2. IA Generativa
A IA generativa é uma das grandes revoluções do marketing moderno. A partir de instruções (prompts) e treinamento de máquina (machine learning), ela cria textos, imagens, vídeos e relatórios completos.
No trade marketing, isso se traduz em agilidade: materiais de PDV, como cartazes, folhetos ou displays, podem ser produzidos em minutos e personalizados por loja ou região.
Além disso, esses sistemas conseguem analisar planilhas e relatórios, gerando insights acionáveis em linguagem natural — reduzindo horas de trabalho manual e acelerando a tomada de decisão.
A IA generativa viabiliza a personalização dinâmica de campanhas em larga escala, criando ações direcionadas para diferentes segmentos de clientes.
3. Análise Preditiva
Transição de reativo para proativo: no trade marketing saber antecipadamente qual produto vai vender, em qual loja/região e em qual momento, é ouro. Cada vez mais, a análise preditiva pretende antecipar o que vai acontecer — ao invés de apenas medir o que aconteceu. Isso exige infraestrutura de dados, cultura analítica e algoritmos capazes de aprender continuamente.
Com algoritmos de machine learning, a IA é capaz de antecipar tendências de consumo, prever demandas e identificar padrões de compra. Isso significa menos rupturas e estoques mais inteligentes. Na prática, o produto certo está sempre disponível no momento certo, garantindo fluidez nas operações e maior eficiência no abastecimento.
Modelos de IA permitem projetar a demanda com base em variáveis como vendas históricas, sazonalidade, dados de comportamento do consumidor, competição, clima, eventos regionais.
Precificação dinâmica e trade-promoção inteligente, modelos preditivos permitem ajustar preços, descontos, alocação de promoções ou display com base em previsão de comportamento do shopper, elasticidade de preço, competição local, momento da campanha.
O impacto nos resultados do negócio são relevantes, pode-se decidir onde alocar melhor os recursos promocionais, qual loja tem maior potencial ou mesmo quais SKUs merecem destaque ou retirada.
Melhor planejamento da demanda e alinhamento de logística, otimizando estoque nos PDVs, reduzindo rupturas, melhorando o trabalho da equipe de vendas.
4. Inteligência na execução
A IA transforma o PDV em um fluxo de dados digitais. O reconhecimento de imagens detecta automaticamente presença e posicionamento de produtos, share of shelf, rupturas, preços, planogramas, pontos extras e materiais de merchandising. A partir de fotos e vídeos, proporciona o monitoramento da execução da marca em tempo real no PDV.
Soluções desse tipo já mostraram ganhos significativos de produtividade — há casos de redução de até 85% no tempo de coleta de informações de execução e eliminação de auditorias presenciais, devido à coleta ser realizada por meio de fotos e vídeos processados de forma automatizada via visão computacional.
Tudo isso, somado à entrega de feedback rápido para o campo, proporciona correção imediata na execução e maior aprendizado para a equipe.
Isso torna o promotor de vendas mais estratégico, focado em ações corretivas e na melhoria da exposição de produtos.
O impacto de retorno é relevante: mais produtividade, garantia da execução nos PDVs (Loja Perfeita), maior acuracidade dos dados e melhor ROI da execução.
5. Agentes de IA
São sistemas de inteligência artificial que não apenas respondem a comandos, mas planejam, decidem e executam tarefas de forma autônoma ou semiautônoma, em função de um objetivo definido.
Basta definir uma meta de negócio e o agente trabalha para alcançá-la, ajustando estratégias em tempo real conforme os resultados.
Como esses agentes tomam decisões de forma autônoma, cresce a necessidade de auditoria para garantir compliance, ética e consistência com a marca. É essencial assegurar que o agente de IA responsável por enviar promoções ou alterar layouts de PDV esteja alinhado à identidade da marca, às políticas de execução e às regulamentações locais (como legislações de varejo e promoções no Brasil).
Essa é a fronteira mais avançada da inovação: agentes de IA funcionam como colaboradores virtuais, ajustando estratégias em tempo real para atingir metas de negócio. Essa autonomia traz a possibilidade de operar iniciativas de trade marketing quase sem intervenção humana direta, ampliando enormemente a escala e a velocidade das execuções — e otimizando o ROI.
O Futuro Já Começou
A IA está deixando de ser um diferencial tecnológico e se tornando o novo padrão de competitividade no trade marketing. Profissionais e empresas que souberem integrar essas ferramentas às suas estratégias sairão na frente, operando com mais velocidade, inteligência e precisão.
Mais do que substituir o humano, a IA vem para ampliar o potencial das pessoas — transformando conhecimento em estratégia, dados em decisões e execução em performance.
O futuro do trade marketing será híbrido: humano e artificial, mas acima de tudo, mais inteligente.
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Imagem: Reprodução
*Por Fabricio Massa. Administrador de empresas, pós graduado de gestão de negócios e com MBA em Marketing, além de diversos cursos de especialização em vendas, marketing digital e metodologias de mercado. Profissional especializado na área comercial, 15 anos de experiência em Trade Marketing, atuando em empresas nacionais e multinacionais. Ao longo da minha carreira, participou diretamente do fechamento de grandes contratos com grandes Companhias do mercado de bens de consumo, farma, eletroeletrônicos, tecnologia, home center, entre outros. Diretor da AMPRO – Associação do Marketing Promocional no comitê de trade marketing.
