Varejo de moda: o que esperar desse setor em ascensão

O varejo de moda é um dos segmentos mais dinâmicos e competitivos do mercado. Envolvendo a comercialização de roupas, calçados, acessórios e demais itens ligados ao vestuário, o setor movimenta bilhões de reais por ano e está diretamente ligado às mudanças no comportamento do consumidor, à evolução tecnológica e às tendências culturais e sociais. No Brasil, o segmento tem apresentado sinais consistentes de crescimento, impulsionado pela digitalização, pela retomada do consumo e pela inovação nas estratégias de venda.

A mais recente pesquisa da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX), que representa mais de 100 marcas do setor, mostrou que 92% das varejistas registraram aumento nas vendas em fevereiro de 2025 em comparação ao mesmo período do ano anterior. No e-commerce, 54% das empresas também relataram um desempenho melhor. Esses números evidenciam a força do setor em um momento de recuperação econômica e apontam para um futuro promissor.

Neste artigo, vamos explorar o panorama atual do varejo de moda, apresentar as principais tendências e destacar os caminhos para os varejistas se destacarem nesse mercado tão competitivo.

O novo comportamento do consumidor de moda

Nos últimos anos, o consumidor mudou, e o varejo de moda precisou acompanhar. A digitalização acelerada pela pandemia de Covid-19 transformou hábitos de compra e fez com que a presença online se tornasse indispensável. Se antes o consumidor era mais resistente ao e-commerce, hoje ele navega com facilidade por sites e aplicativos, compara preços, busca recomendações e exige conveniência e agilidade.

A jornada de compra passou a ser híbrida. Muitos consumidores descobrem produtos nas redes sociais, acessam lojas online e finalizam a compra nas lojas físicas, ou o contrário. A experiência tornou-se o centro das estratégias de venda, exigindo que as marcas ofereçam canais integrados, atendimento eficiente e soluções inovadoras.

Tendências que estão moldando o varejo de moda

Uma das maiores forças do setor é sua capacidade de se reinventar. Varejistas atentos às transformações do mercado têm buscado novas formas de atender o cliente, potencializar vendas e se destacar em meio à concorrência. A seguir, veja algumas das principais tendências que têm impactado o segmento.

Fortalecimento do e-commerce e do m-commerce

O comércio eletrônico segue sendo uma das principais alavancas de crescimento no varejo de moda. Em 2022, o setor movimentou R$ 169,59 bilhões em vendas online no Brasil, representando um avanço considerável em relação ao ano anterior. Esse crescimento é ainda mais expressivo no m-commerce, ou seja, nas compras realizadas por dispositivos móveis, cuja expectativa é de atingir US$ 52 bilhões até o final deste ano.

Essa transformação impõe novos desafios aos lojistas, como a necessidade de plataformas responsivas, meios de pagamento facilitados, logística eficiente e estratégias de marketing digital mais sofisticadas.

A consolidação do atendimento multiplataforma

Outro ponto essencial é a diversidade de canais de atendimento. O consumidor quer ser ouvido e respondido rapidamente, seja por WhatsApp, Instagram, e-mail, telefone ou chat no site. Estar disponível nos canais preferidos do público é fundamental para garantir a fluidez da jornada de compra e fortalecer o relacionamento com o cliente.

Experiência personalizada com fashion delivery e provadores virtuais

A personalização da experiência é uma das apostas mais promissoras do varejo de moda. O fashion delivery é um exemplo claro disso: com base em um perfil de estilo, o cliente recebe uma seleção personalizada de peças em casa, podendo experimentá-las com tranquilidade antes de decidir o que comprar. Essa abordagem não apenas aumenta a taxa de conversão como também fideliza o consumidor.

Os provadores virtuais também têm ganhado destaque. Utilizando medidas do cliente e preferências de caimento, essas ferramentas ajudam a indicar os tamanhos ideais e permitem uma prévia realista da peça no corpo, especialmente quando associadas à realidade aumentada. Isso reduz a taxa de trocas e devoluções e melhora a experiência de compra no ambiente digital.

Conteúdo em vídeo para engajar e vender

Com o aumento do consumo de vídeos nas redes sociais, muitas marcas têm adotado esse formato como estratégia de vendas. Vídeos curtos e objetivos que mostram detalhes dos produtos, bastidores da produção ou dicas de uso ajudam a gerar engajamento e aproximam a marca do consumidor. Plataformas como Instagram, TikTok e YouTube são hoje verdadeiros catálogos vivos e dinâmicos para o varejo de moda.

Moda confortável e funcional

O bem-estar se tornou prioridade para os consumidores. Por isso, roupas confortáveis, funcionais e versáteis são cada vez mais valorizadas. As marcas têm apostado em tecidos leves, cortes ergonômicos e peças que se adaptam a diferentes situações, sem abrir mão do estilo. Essa tendência reflete a busca por uma moda mais conectada ao dia a dia real das pessoas.

A fusão do físico com o digital: o conceito phygital

A integração entre loja física e digital (conhecida como phygital) é um caminho sem volta no varejo de moda. A possibilidade de comprar online e retirar na loja, ou de experimentar presencialmente e receber em casa, oferece conveniência e aumenta a eficiência logística. Essa abordagem também fortalece o relacionamento com o consumidor, que passa a enxergar a marca como uma presença constante em diferentes momentos da sua rotina.

Sustentabilidade como fator decisivo

Cada vez mais consumidores consideram a sustentabilidade um fator decisivo na hora de comprar. O varejo de moda, historicamente associado ao consumo excessivo, está revendo práticas e adotando novos modelos mais responsáveis. Isso inclui o uso de tecidos naturais, redução de resíduos, embalagens recicláveis, e até mesmo coleções com design atemporal e produção consciente.

Marcas que adotam essas práticas não apenas atendem às demandas atuais, mas também constroem uma imagem positiva e duradoura junto ao público. A sustentabilidade deixou de ser um diferencial e passou a ser uma expectativa.

Chatbots e inteligência artificial no atendimento

No ambiente digital, os chatbots ganharam espaço por permitirem um atendimento ágil e contínuo. Utilizando inteligência artificial, eles são capazes de responder dúvidas frequentes, oferecer recomendações personalizadas e até mesmo concluir vendas. Isso reduz custos operacionais e melhora a experiência do consumidor, que encontra suporte imediato a qualquer hora do dia.

Social commerce: vender nas redes sociais

A integração entre redes sociais e plataformas de venda deu origem ao social commerce, modelo que transforma Instagram, Facebook e TikTok em verdadeiros canais de vendas. Por meio dessas plataformas, é possível divulgar coleções, fazer transmissões ao vivo, interagir com os seguidores e vender diretamente para o público. Essa é uma tendência que se conecta à jornada fluida do consumidor moderno, que descobre, interage e compra no mesmo ambiente digital.

Conclusão: o futuro do varejo de moda é agora

O varejo de moda está passando por um momento de profundas transformações, impulsionado por avanços tecnológicos, mudanças no comportamento do consumidor e pela busca por modelos mais sustentáveis e eficientes. Para os varejistas, isso significa estar atento às tendências, investir em inovação e, principalmente, colocar o consumidor no centro de todas as estratégias.

O setor, que já demonstra sinais consistentes de crescimento, continuará evoluindo nos próximos anos. Quem estiver preparado para oferecer uma experiência completa, integrada e relevante, certamente se destacará nesse mercado em constante movimento.

Imagem: Envato