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Varejo farmacêutico alcança R$ 240 bilhões em 2025 e amplia aposta na digitalização para 2026
O varejo farmacêutico brasileiro encerra 2025 com faturamento de R$ 240,97 bilhões, segundo dados da IQVIA referentes aos últimos 12 meses até outubro (MAT 10/2025). O valor representa crescimento de 10,88% na comparação anual. O resultado reflete o desempenho dos medicamentos e a ampliação do papel da farmácia como canal orientado à conveniência, ao autosserviço e à experiência do consumidor.
No mesmo período, a Febrafar apresentou crescimento acima da média do setor. A federação reúne 70 redes associativistas e independentes, com quase 18 mil lojas em operação e presença em 68% dos municípios brasileiros, alcançando cerca de 182 milhões de pessoas. De acordo com os dados da IQVIA, as farmácias associadas somaram R$ 40,98 bilhões em faturamento no MAT 10/2025, com avanço de 13,85% na comparação anual.
Para Edison Tamascia, presidente da Febrafar, o desempenho está associado a um processo estrutural de transformação do setor. “O desempenho da Febrafar em 2025 foi satisfatório e consistente. Estamos registrando um crescimento de acima da média do mercado por anos consecutivos. Isso é resultado direto de investimentos contínuos em tecnologia, digitalização e sistemas de gestão que aumentam a eficiência das farmácias associadas”, afirma.
Diversificação do mix impulsiona crescimento
A análise dos dados da IQVIA mostra que, embora os medicamentos sigam como principal fonte de receita, a expansão do mercado em 2025 foi impulsionada pela diversificação do mix. Categorias como dermocosméticos, saúde sexual, cuidados ao paciente e produtos de autosserviço ampliaram participação, acompanhando mudanças no comportamento do consumidor.
“O crescimento não está concentrado apenas nos medicamentos. Produtos de autosserviço, dermocosméticos e novas categorias ganharam espaço. Para capturar esse potencial, a farmácia precisa de dados, sistemas integrados e capacidade de gestão. Sem digitalização, esse crescimento não se sustenta”, diz Tamascia.
Outro fator relevante no período foi o aumento da demanda por medicamentos à base de GLP-1, utilizados no tratamento da obesidade. Esses produtos contribuíram para o crescimento do mercado, mas também evidenciaram limitações de oferta. Segundo a Febrafar, houve dificuldades relacionadas à disponibilidade e à priorização de redes corporativas pela indústria. A entidade avalia que, com fornecimento regular, o desempenho poderia ter sido maior.
Digitalização ganha centralidade
Ao longo de 2025, a Febrafar ampliou investimentos em inteligência artificial, sistemas proprietários, análise de dados e digitalização das operações. A estratégia buscou fortalecer a gestão e a tomada de decisão das farmácias associadas. O trabalho da entidade foi citado pelo Google durante evento realizado em Nova Iorque.
“Investimos fortemente em tecnologia, inteligência artificial e digitalização porque entendemos que o futuro do varejo farmacêutico passa por eficiência, gestão baseada em dados e melhor experiência do cliente. O setor ainda é muito analógico, especialmente entre independentes, e isso limita o crescimento. A Febrafar se diferencia justamente por antecipar esse movimento”, afirma Tamascia.
Perspectivas para 2026
Apesar de desafios como aumento da competitividade, restrições de fornecimento e necessidade de diversificação, a Febrafar manteve crescimento ao longo de 2025. “A principal lição de 2025 é clara: quem investe em tecnologia, processos e gestão cresce de forma sustentável. Digitalização não é custo, é investimento estratégico”, diz o presidente da federação.
Para 2026, a projeção do mercado farmacêutico é de crescimento em torno de 12%, mantendo o ritmo observado nos dados da IQVIA. A Febrafar projeta novamente desempenho acima da média do setor. “Nossa meta é continuar crescendo acima da média do mercado. Para isso, vamos ampliar investimentos em digitalização, trade marketing, inteligência artificial e gestão de portfólio, garantindo que as farmácias associadas operem com mais eficiência e competitividade”, afirma Tamascia.
Entre as tendências apontadas para 2026 estão a expansão das categorias de cosméticos e dermocosméticos, o fortalecimento do autosserviço, o uso mais estratégico do trade marketing e a consolidação da tecnologia como eixo central da operação no varejo farmacêutico.
Imagem: Envato
