Economia
Brasil perdeu mais de 400 mil empresas no primeiro semestre
De acordo com levantamento da Contabilizei, mais empresas fecham que abrem no país
No primeiro semestre de 2023, o Brasil teve 427.934 empresas encerradas, contabilizando empresas de micro, pequeno, médio e grande porte. Esse número faz parte de um levantamento realizado pela empresa Contabilizei, divulgado pelo portal g1, que mostra que o fechamento de empresas está maior do que as aberturas.
A Contabilizei fez a consulta dos dados através de registros da base oficial do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, da Receita Federal, que são divulgados desde o ano de 2020. O número exclui os microempreendedores individuais (MEIs).
De acordo com a empresa de contabilidade, desde o quarto trimestre de 2021 (período entre outubro e dezembro), mais empresas são fechadas que abertas na economia brasileira. Nesse período, 2 milhões de companhias foram abertas, enquanto 2,8 milhões encerraram suas atividades, de acordo com os dados da Receita.
Indústria tem resultados negativos há mais tempo
Os dados consultados pela Contabilizei apontam que, no setor industrial, a situação é ainda pior. No segundo trimestre de 2023 — período entre abril e julho — foram inauguradas 7.810 empresas industriais, com 25.151 sendo fechadas, um número três vezes maior de encerramentos do que de aberturas de negócios.
E não para por aí: se o comércio tem saldo negativo em aberturas de empresas desde o quarto trimestre de 2021, o setor industrial apresenta resultados negativos há mais tempo, contabilizando mais fechamentos que aberturas já no terceiro trimestre daquele ano.
Para cada empresa que abriu no comércio, duas fecharam
O comércio é o setor que teve pior resultado em números absolutos no levantamento. No segundo trimestre de 2023, foram fechadas 129.515 empresas, enquanto 61.685 iniciaram suas atividades. Ou seja, aproximadamente, para cada empresa que abriu, duas foram encerradas.
Em comparação, os serviços tiveram um resultado melhor, mas ainda negativo, com 196.651 empresas fechando e outras 133.836 sendo abertas no período entre abril e julho deste ano.
O vice-presidente de aquisição e receita da Contabilizei afirmou que o período foi complicado para os empreendedores. “Foi um período que trouxe várias dificuldades impostas à gestão financeira das empresas, além de um alto nível de endividamento da população. Até o reaquecimento do mercado de trabalho formal faz empreendedores voltarem ao trabalho assalariado.”
Um levantamento realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostrou que, mesmo nesse contexto, as micro e pequenas empresas foram as responsáveis por impulsionar a criação de empregos no Brasil, com 710 mil vagas criadas no primeiro semestre de 2023. Esse número representa aproximadamente 70% de todos os postos de trabalho gerados nesse período.
Os CNPJs dos microempreendedores individuais foram excluídos da conta inicial tanto pela maior facilidade na abertura de um MEI, quanto pelas consequências de possíveis casos de inadimplência serem mais brandas, enquanto microempresas passam por mais trâmites burocráticos antes do início das atividades.
Além disso, o encerramento das atividades de um MEI é mais raro, pois os custos para manter a empresa aberta são mais baixos e permitem que os empreendedores a mantenham em funcionamento mesmo sem nenhuma operação acontecendo. No levantamento, as maiores baixas aconteceram quando o governo efetuou ações de limpa de cadastro.
Imagem: Envato