Como as empresas de bens de consumo podem se adaptar à terceira onda de digitalização?

As empresas de bens de consumo que não integrarem tecnologias avançadas como IA generativa e simulações de gêmeos digitais em seus produtos ou serviços podem em breve enfrentar a obsolescência. Especialistas alertam que até mesmo metade das principais empresas de bens de consumo globalmente está lutando para atingir 80% de suas metas de transformação digital.

Nas duas primeiras ondas de digitalização, a tecnologia impulsionou as empresas ao automatizar processos e digitalizar canais e cadeias de suprimentos. A terceira onda, focada na diferenciação, corre o risco de aumentar ainda mais a lacuna entre líderes.

“De muitas maneiras, essa onda de tecnologia, que visa fornecer uma vantagem competitiva em capacidades digitais críticas, como vendas, marketing e inovação, é a mais difícil, mas a mais importante para prever o destino de uma empresa de produtos de consumo”, disse Rajesh Narayan, parceiro nas práticas de Produtos de Consumo e Tecnologia Empresarial da Bain & Company.

De acordo com a Bain & Company, as empresas muitas vezes falham em obter vantagens digitais devido à falta de ambição digital. Modelos operacionais inadequados, arquitetura de tecnologia deficiente, problemas de talento e o desequilíbrio entre as necessidades tecnológicas atuais e futuras agravam essa questão.

Empresas de bens de consumo que aumentaram significativamente seus investimentos em tecnologia nos últimos cinco anos relatam maior crescimento no preço das ações, receita e lucros em comparação com suas contrapartes que investiram menos.

Adoção de tecnologias avançadas

Modelagem de design impulsionada por IA e estratégias de otimização de vendas baseadas em dados estão sendo ativamente adotadas entre as empresas de bens de consumo, com aproximadamente 25% experimentando IA e 50% testando estratégias baseadas em dados.

As empresas de bens de consumo líderes também alocam 60% mais de sua receita para capacidades de consumidor, cliente e inovação do que aquelas na retaguarda. Esses líderes são pioneiros em estratégias de precificação lideradas por IA e simulações de gêmeos digitais para impulsionar a inovação de produtos e a eficiência operacional.

Olivier Gergele, Líder de Produtos de Consumo e Varejo da EY na Asean, enfatizou os benefícios da tecnologia de IA na automação de tarefas, melhoria da eficiência e precisão e aprimoramento da experiência do cliente. Ele observou que a adoção da IA permite que as empresas aloquem talentos para funções mais estratégicas.

Gergele alertou que as empresas que não utilizam a IA correm o risco de perder a otimização das operações em gerenciamento de estoque, logística da cadeia de suprimentos e estratégias de precificação.

Nos países da Ásia-Pacífico, como Coreia do Sul, China e Japão, tecnologias como IA generativa estão ganhando força, influenciando o comportamento do consumidor em várias regiões, de acordo com a Euromonitor International. Mercados desenvolvidos e grandes cidades em economias emergentes, como Xangai, estão testemunhando inovações como avatares de IA e lojas sem funcionários, visando reduzir custos operacionais em meio ao aumento das despesas com mão-de-obra.

Varejistas físicos também estão adotando cada vez mais designs centrados no cliente, como lojas experimentais e refeições no local, para combater a influência do comércio eletrônico.

Apesar desses avanços, muitas empresas de produtos de consumo têm dificuldade em articular uma estratégia digital clara e enfrentam desafios na aquisição de talentos e na execução operacional.

Estratégia digital e aquisição de talentos

Para atrair os melhores talentos e impulsionar a inovação, as empresas devem criar propostas de valor atraentes para os funcionários e capacitar os líderes na fluência digital.

“As melhores empresas usarão talentos internos para funções-chave em capacidades diferenciadas e usarão parceiros estratégicos ou fornecedores para capacidades mais relacionadas a commodities, habilidades específicas ou para atender picos temporários de carga de trabalho,” observou o relatório.

A Bain & Company disse que as empresas de produtos de consumo que visam garantir o sucesso futuro também devem adotar uma abordagem multifacetada, como utilizar extensivamente a IA para melhorar a tomada de decisões em áreas como desenvolvimento de produtos, gerenciamento de SKUs e promoções, utilizando ferramentas de IA e dados de varejistas para otimizar a receita líquida e identificar os produtos de melhor desempenho.

Além disso, capitalizar na proliferação de pontos de contato digitais personalizando interações por meio da criação de conteúdo impulsionada por IA generativa é crucial para atender ao número crescente de consumidores que pesquisam e compram produtos online.

Aumentar a eficiência e a agilidade por meio da IA generativa para criação de conteúdo digital e simulações de gêmeos digitais em P&D e cadeias de suprimentos também será essencial para manter a competitividade.

Além disso, estabelecer fluxos de dados transparentes na cadeia de suprimentos pode atender à demanda dos consumidores por produtos de origem sustentável, aumentando a credibilidade da marca e atraindo consumidores ambientalmente conscientes. Cerca de 75% dos consumidores em economias desenvolvidas estão dispostos a pagar mais por marcas que obtêm produtos de forma sustentável.

Por fim, as empresas de bens de consumo devem adotar tecnologias avançadas para escalar soluções inovadoras de maneira eficaz. Estabelecer fluxos de dados transparentes na cadeia de suprimentos também atende à demanda dos consumidores por produtos de origem sustentável, aumentando a credibilidade da marca e a fidelidade do consumidor.

Imagem: Envato
Informações: Jaleen Ramos para Retail Asia
Tradução livre: Central do Varejo