Economia
Alta dos juros leva C&A a reduzir ritmo de abertura de novas lojas
Segunjdo CEO da marca, empresa poderia abrir 100 lojas em cinco anos caso as condições econômicas fossem mais favoráveis
A alta dos juros, atualmente em 13,75% ao ano, levou a C&A a reduzir seu ritmo de expansão de lojas. O plano da empresa de abrir mais cem unidades nos próximos cinco anos no Brasil não deve se concretizar devido à dificuldade em justificar esses projetos aos acionistas, de acordo com o CEO da companhia, Paulo Correa em conversa com O Globo. Além disso, os juros também afetaram o desempenho da empresa, que registrou prejuízo no primeiro trimestre. Para impulsionar as vendas, a C&A aposta na oferta direta de crédito aos clientes por meio do cartão digital C&A Pay.
Desde o seu lançamento em 2021, mais de três milhões de cartões já foram emitidos. Correa destaca que os investimentos em tecnologia contribuíram para um cálculo de risco de crédito mais preciso e para agilizar as compras, incluindo inovações como o reconhecimento facial no caixa. O CEO está otimista em relação ao segundo semestre, na expectativa de que medidas propostas pelo governo, como o arcabouço fiscal e a reforma tributária, sejam aprovadas, o que poderia impulsionar as vendas no período de Natal.
Correa reconhece que o endividamento das pessoas afeta o consumo de forma geral, não apenas na C&A, e que isso está diretamente relacionado à situação macroeconômica e à taxa de juros. Ele ressalta que a empresa entende que ser fornecedor de crédito é parte do negócio, mesmo em momentos desafiadores. Apesar das dificuldades, a C&A teve um crescimento no primeiro trimestre no segmento de vestuário e conseguiu aumentar sua margem bruta. O desempenho foi bem recebido pelo mercado, refletindo-se no aumento do preço das ações nos últimos dias.
Quanto à concorrência com empresas asiáticas, Correa não acredita que tenha afetado os resultados da C&A, já que o mercado de varejo de moda é bastante pulverizado. Ele ressalta que os três maiores players têm apenas 20% de market share e que novos entrantes têm espaço para crescer. Quanto às dificuldades enfrentadas pela empresa na aprovação de projetos de expansão, Correa atribui isso ao alto custo do capital devido à taxa de juros, mas espera que um contexto macroeconômico mais favorável permita a abertura de mais lojas no futuro.
O CEO destaca a importância do cartão C&A Pay e do programa de relacionamento C&A & VC, que conta com 24 milhões de membros, para impulsionar as vendas. Ele ressalta que a empresa tem investido em tecnologia para proporcionar uma jornada de compra integrada entre os canais físico e digital, além de oferecer benefícios exclusivos aos clientes. A C&A também tem expandido sua linha esportiva e observado um crescimento significativo na categoria de cosméticos. Correa está otimista em relação às perspectivas futuras e espera um aumento nas vendas no segundo semestre, considerando a ausência de eventos como a Copa do Mundo que prejudicaram as vendas de Natal no ano anterior.
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