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Faturamento de pequenas e médias empresas fica estável em fevereiro

O Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) registrou estabilidade no faturamento das pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras em fevereiro, com variação positiva de 0,3% na comparação anual. O resultado sucede dois meses consecutivos de queda, sendo -1,5% em janeiro e -0,9% em dezembro de 2024. No primeiro bimestre do ano, o índice acumula retração de 0,6% em relação ao mesmo período de 2024.
O IODE-PMEs mede o desempenho de empresas com faturamento de até R$50 milhões anuais, abrangendo 736 atividades econômicas nos setores de Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.
De acordo com Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, plataforma de gestão responsável pelo índice, a perda de fôlego das PMEs acompanha a redução do consumo, com impacto mais acentuado no setor de Serviços. “O desafiador cenário macroeconômico – marcado por maiores pressões inflacionárias e juros elevados – impacta as PMEs e, naturalmente, a economia doméstica como um todo”, afirmou. Beraldi também mencionou que a Sondagem do Consumidor da FGV-IBRE indica queda expressiva na confiança dos consumidores, influenciada pela percepção financeira futura dos agentes econômicos.
O setor de Comércio foi o principal destaque positivo em fevereiro, com crescimento de 13,1% no faturamento real na comparação anual. O atacado manteve desempenho superior, impulsionado pelo ‘comércio atacadista de joias, relógios e bijuterias’, ‘comércio atacadista de equipamentos elétricos de uso pessoal e doméstico’ e ‘comércio atacadista de resíduos de papel e papelão’.
O varejo registrou crescimento de 1,2%, revertendo parte das perdas acumuladas nos meses anteriores, com destaque para os segmentos de ‘comércio varejista de artigos de viagem’, ‘comércio varejista de equipamentos para escritório’ e ‘comércio varejista de livros’.
Infraestrutura também apresentou crescimento, com alta de 2,1% em relação a fevereiro de 2024, impulsionada pelos segmentos de ‘água, esgoto, gestão de resíduos e descontaminação’ e ‘serviços especializados para construção’. Beraldi destacou que segmentos da construção civil enfrentam impactos negativos devido aos juros elevados e à queda da confiança, com recuos de 4,1% em ‘obras de infraestrutura’ e 11% em ‘construção de edifícios’.
O setor de Serviços teve alta de 0,6% na comparação anual, após dois meses consecutivos de queda. As atividades de ‘informação e comunicação’ e ‘transporte e armazenagem’ foram as principais responsáveis pela expansão, enquanto ‘alimentação’ e ‘educação’ apresentaram movimentação financeira abaixo do esperado.
A Indústria registrou queda de 7% no faturamento real em fevereiro, marcando o quarto mês consecutivo de retração. Entre os 23 subsegmentos monitorados, 12 apresentaram redução no faturamento, com destaque para ‘fabricação de produtos alimentícios’ e ‘fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos’. Alguns segmentos tiveram crescimento, como ‘confecção de artigos do vestuário e acessórios’, ‘fabricação de papel e produtos de papel’ e ‘impressão e reprodução de gravações’.
Os dados indicam que 2025 pode ser um ano desafiador para as PMEs, impactadas pelo cenário de crédito e consumo das famílias. “O avanço apenas deve ocorrer de forma mais moderada e alinhada ao ritmo da economia como um todo. Para o PIB brasileiro em 2025, a mediana das expectativas do mercado aponta para uma evolução de 2%, segundo o Relatório Focus do Banco Central do Brasil”, afirmou Beraldi.
Imagem: Envato