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Ligado ao aumento do custo de vida, ‘Recession Core’ se torna tendência
Caracterizada por cores neutras, peças atemporais, looks confortáveis e de fácil montagem, tendência vem alterando modo de consumir
Recession Core é uma tendência que surgiu nesta temporada, caracterizada por cores neutras, peças atemporais, looks confortáveis e de fácil montagem. Embora esteja relacionado à recessão econômica, não se limita apenas a isso. A crise do custo de vida, especialmente na Europa, levou as pessoas a gastarem menos e procurarem opções mais acessíveis, o que impulsionou o surgimento desse estilo. Os executivos do mercado da moda preveem que a inflação resultará em aumentos de custos, como algodão e caxemira, levando os consumidores a adotarem uma abordagem mais econômica.
O termo representa uma reinvenção da roupa formal, com um visual mais fluido em termos de gênero. As peças discretas e atemporais, combinadas com cores neutras, oferecem conforto e elegância. Esse estilo vai contra a tendência prévia do “dopamine dressing”, que se caracterizava por cores vibrantes e alegres. O Recession Core valoriza poucos acessórios, permite a repetição de peças e apresenta cabelos e maquiagem mais naturais e funcionais.
Uma expressão relacionada ao Recession Core é o Quiet Luxury, ou “luxo silencioso”. Ambos surgem como consequência do contexto de crise, mas o Quiet Luxury é considerado extremamente sofisticado. Esses movimentos surgiram durante a pandemia e se intensificaram com as previsões de recessão econômica. Pessoas de classes sociais mais elevadas adotaram a ideia de não ostentar tanto o dinheiro, o que se alinha com essas tendências. Os itens escolhidos são discretos, atemporais e com acessórios pontuais, destacando-se pela alta qualidade dos materiais e pela durabilidade.
Uma mudança importante em relação às tendências anteriores é a paleta de cores. Embora o Brasil seja conhecido por suas roupas coloridas e estampadas, as tendências atuais, especialmente nas lojas de departamento e fast fashion, estão mais voltadas para cores como bege e cinza. As peças são confortáveis, adequadas para o dia a dia e práticas, com a garantia de que poderão ser usadas durante um ou dois anos em meio à recessão econômica. Essa tendência pode ser observada nos desfiles de marcas como Chanel, Gucci e Miu Miu, embora esses sejam voltados para o mercado de luxo.
As redes sociais, especialmente o TikTok, desempenharam um papel significativo na popularização do Recession Core e do Quiet Luxury. No ano passado, surgiram diversas microestéticas e microtendências, impulsionadas pela plataforma. As pessoas estavam procurando uma tendência mais atemporal e fácil de seguir em meio a um cenário de incertezas. O Recession Core surgiu como uma resposta a essa necessidade de segurança em relação às peças de roupa, sendo adequado para uso a longo prazo.
É importante ressaltar que nem todos os consumidores adotam essas tendências de forma consciente. Alguns estão mais atentos às questões econômicas na hora de fazer compras, enquanto outros veem essas tendências como substituíveis e não as adotam como um estilo de vida.
Imagem: Freepik