Economia circular como estratégia de negócio no varejo

O painel “The Value Proposition Around Circular Business Models”, realizado na manhã desta segunda, 13, na NRF 2025, reuniu lideranças de grandes varejistas globais para discutir como a economia circular está transformando operações, fortalecendo marcas e criando oportunidades inovadoras no varejo. Com a participação de Agata Ramallo Garcia (Target), Marty Ditze (IKEA), Jerome Del Porto (Walmart) e Scot Case (National Retail Federation), o debate revelou como essas empresas estão integrando princípios de circularidade em suas estratégias para impulsionar a sustentabilidade e atender às crescentes demandas dos consumidores.

Scot Case, vice-presidente de Sustentabilidade da NRF, abriu o painel explicando que a circularidade vai além da redução de resíduos; trata-se de reimaginar produtos e processos para criar um ciclo contínuo de uso, reutilização e reciclagem. “Circularidade é um elemento-chave da sustentabilidade e um motor para a inovação no varejo”, afirmou.

Target: Inovação e engajamento do consumidor

Agata Ramallo Garcia, vice-presidente de Sustentabilidade da Target, destacou que a circularidade está no centro da estratégia de sustentabilidade da empresa, conhecida como Target Forward. Alguns exemplos de iniciativas incluem:

• Design circular: Até 2040, 100% das marcas próprias da Target serão desenhadas para um futuro circular, com foco em reusabilidade, durabilidade e reciclabilidade;
• Digital ID: Produtos da marca Universal Thread incorporam IDs digitais, permitindo que os consumidores rastreiem a história de sustentabilidade de cada item;
• Reciclagem de assentos infantis: Desde 2016, a Target reciclou mais de 3 milhões de assentos de carros, evitando o descarte de cerca de 45 milhões de libras de materiais em aterros.

Agata enfatizou que, para engajar os consumidores, as soluções precisam ser acessíveis, convenientes e alinhadas aos valores deles: “Circularidade é sobre criar soluções que ressoem com o que nossos clientes mais valorizam — qualidade, preço acessível e conveniência.”

IKEA: Sustentabilidade no design e na cadeia de suprimentos

Marty Ditze, gerente de Sustentabilidade da IKEA nos EUA, destacou como a empresa incorpora circularidade desde a concepção dos produtos até a reciclagem. As iniciativas incluem:

• Compra de produtos usados: O programa de recompra permite que clientes devolvam móveis em boas condições para revenda, prolongando o ciclo de vida dos produtos;
• Peças de reposição: A IKEA oferece suporte para reparos em produtos antigos, reduzindo a necessidade de novos itens e o desperdício;
• Inovação em materiais: A linha de louças Kungsbacka é fabricada com resíduos de cerâmica reciclados, um exemplo de como transformar resíduos em novos produtos.

“Nosso objetivo é criar um ecossistema em que produtos sejam continuamente reaproveitados, minimizando a dependência de recursos naturais e reduzindo o impacto ambiental”, explicou Marty.

Walmart: Redução de resíduos e eficiência operacional

Jerome Del Porto, chefe de Sustentabilidade do Walmart, compartilhou como a empresa utiliza a circularidade para alcançar objetivos estratégicos:

• Mercado de produtos recondicionados: O programa Walmart Resell oferece uma plataforma para a venda de eletrônicos e eletrodomésticos usados, com mais de 5 milhões de itens disponíveis;
• Reciclagem orgânica: Em parceria com a Denali, o Walmart implementou sistemas de separação automatizada de resíduos orgânicos e embalagens, aumentando a eficiência e criando subprodutos para ração animal e energia;
• Eco-ATM para celulares: Com máquinas instaladas em mais de 3.000 lojas, o Walmart incentiva os clientes a reciclarem celulares antigos, recebendo dinheiro em troca.

Jerome destacou que a circularidade não é apenas uma prática sustentável, mas também uma oportunidade de otimizar custos e aumentar o engajamento dos clientes.

O futuro da circularidade

Imagem: Jorge Inafuco

Os palestrantes concordaram que a colaboração entre empresas, governos e consumidores será fundamental para escalar a circularidade. Marty Ditze apontou que o mercado de segunda mão já é uma indústria multibilionária e que o próximo passo é transformar resíduos em novos materiais e produtos: “O futuro está na inovação dos modelos de negócio para aproveitar o que antes era descartado.”

Agata Ramallo Garcia acrescentou que desafios regulatórios e de design devem ser vistos como catalisadores de inovação. “Circularidade é um desafio, mas também uma oportunidade de transformar o varejo em algo mais resiliente, sustentável e conectado aos valores dos consumidores.”

A economia circular é mais do que uma tendência — é uma estratégia essencial para o futuro do varejo. Empresas como Target, IKEA e Walmart estão liderando o caminho, mostrando como circularidade pode gerar valor para os negócios, engajar consumidores e reduzir o impacto ambiental. Com o aumento da conscientização sobre sustentabilidade, a economia circular promete se tornar um dos pilares do varejo moderno, transformando desafios em oportunidades para criar um impacto positivo duradouro.

*A missão NRF 2025 é uma realização da Central do Varejo, com co-realização da TOTVS. A TOTVS é a líder em tecnologia no Brasil e uma parceira estratégica na transformação do varejo. Como co-realizadora da missão NRF 2025, a TOTVS conecta empresas a um futuro mais produtivo, inovador e sustentável, oferecendo soluções completas de software e gestão que transformam desafios em grandes oportunidades.

Imagens: Jorge Inafuco