Franchising
Lições do Franchising Summit Brasil 2025 sobre como implementar inovação no franchising

Inovar é muito mais do que adotar tecnologia de ponta. Essa foi a principal mensagem da palestra “Como Implementar Inovação”, realizada durante o Franchising Summit Brasil 2025, no Expo Center Norte, em São Paulo. Sob a condução de Décio Pecin, Vice-Presidente da ABF e CEO do CNA+, a temática reuniu líderes de grandes redes de franquias que compartilharam como a inovação tem transformado suas operações e impulsionado resultados.
Abrindo a sessão, o CEO do Grupo CNA fez questão de desconstruir o senso comum: “Inovação não é sinônimo de tecnologia. É, antes de tudo, a introdução de algo novo em um modelo já existente, com foco em gerar eficiência ou entregar ao consumidor algo percebido como diferente”, destacou.
Para Décio, inovação no franchising precisa ser tangível ao consumidor final e, principalmente, executável pela rede como um todo. “De nada adianta uma grande ideia se ela não for implementada de forma saudável e engajada por todos os franqueados”, reforçou.
Além disso, ele destacou que tanto inovação quanto educação são processos de mão dupla: “Assim como transferimos know-how, precisamos estar dispostos a aprender com os franqueados e até com os clientes”.
Criatividade como necessidade de sobrevivência
A seguir, Giulia Queiroz, líder de Marketing do Grupo Zamp (master franqueado do Burger King no Brasil), trouxe exemplos reais de como a limitação orçamentária impulsiona a criatividade.
Giulia apresentou o case “Pixvertising”, campanha premiada recentemente no Festival de Cannes, onde a marca enviou um Pix de R$ 0,01 para milhares de clientes, convidando-os a completar mais R$ 0,24 para adquirir nuggets. “Foi uma ação de baixo custo, mas com um alcance viral incrível. Precisamos fazer mais com menos, sempre com foco em atrair clientes para as lojas”, explicou.
Ela também destacou a importância da execução: “Inovação só é válida quando vai do início ao fim. Criamos comitês internos com franqueados para garantir que todos estejam alinhados e dispostos a correr os riscos junto com a gente”, disse Giulia.
Buddha Spa: Inovação em 360 Graus
Na sequência, Gustavo Albanesi, CEO do Buddha Spa e colunista da Central do Varejo, mostrou como a inovação pode estar presente em todas as frentes do negócio. Com 140 unidades e crescimento de 3 a 4 novas operações por mês, o Buddha Spa estruturou um processo contínuo de inovação chamado “Inovação 360”.
Gustavo apresentou ações que vão desde o lançamento de novos produtos e experiências, como a Brazilian Massage e o uso de óleos essenciais, até transformações nos canais de venda, como o e-commerce de vouchers e o uso de blockchain em programas de fidelidade.
Um destaque foi o impacto do e-commerce, que hoje representa 28% das vendas da rede, com 62% dos vouchers vendidos para presente. “Se o nosso negócio estiver igual ao que era dois anos atrás, estamos errando. Inovar virou parte do nosso DNA”, concluiu Albanesi.
IA no Agendamento Comercial
Fechando a sessão, Aline Lima, Head de Marketing do Grupo MoveEdu, trouxe um case de inovação tecnológica com foco em eficiência comercial.
A rede enfrentava problemas com leads frios, baixo SLA de atendimento e sobrecarga nas equipes de vendas. A solução foi a implementação de um Agente de Inteligência Artificial conectado ao CRM, capaz de interagir com leads, qualificar, agendar e encaminhar as informações diretamente aos vendedores.
O resultado foi expressivo: 85% de redução no tempo para o primeiro agendamento, 50% de diminuição nas tarefas repetitivas da equipe e um custo de apenas R$ 0,58 por lead ativado, considerando até os custos com IA e mídia paga.
Aline reforçou que o sucesso veio de um processo gradual, com personalização regional e uma interface amigável para os franqueados. “Hoje temos uma gestão integrada, com dados consolidados e maior visibilidade da performance da rede”, finalizou.
Inovar é execução, timing e colaboração
Ficou a lição unânime entre os palestrantes: a inovação só faz sentido quando é executada, bem comunicada e envolve toda a rede de franquias. Seja por meio de tecnologia, criatividade em campanhas ou mudanças operacionais, o franchising brasileiro segue provando que inovar é, acima de tudo, uma questão de cultura e atitude.
Imagens e informações: (*) Patricia Cotti – Ganhadora do Digital Transformation Awards, Sócia Diretora da Goakira, Diretora de Pesquisa do IBEVAR, Colunista Central do Varejo, Professora dos MBAs da FIA, ESPM, ESECOM, USP.