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Economia

Mais de 2 milhões de brasileiros trabalham em plataformas digitais

Resultados da PNAD Contínua sobre trabalhadores por aplicativo são divulgados pela primeira vez

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trabalhador de plataformas digitais na rua da consolação, em são paulo, guiando uma motocicleta e trajando uma mochila térmica de empresa de entregas rápidas

A estimativa da população ocupada com 14 anos ou mais de idade no setor privado, excluindo empregados do setor público e militares, atingiu 87,2 milhões de pessoas no último trimestre do ano anterior. Deste número, cerca de 2,1 milhões estavam envolvidos em trabalhos por meio de plataformas digitais, tais como aplicativos de serviços ou comércio eletrônico, que constituíam sua ocupação principal. Desse total, 1,5 milhão de indivíduos — ou 1,7% da população ativa no setor privado — estavam ligados a aplicativos de serviços, enquanto 628 mil estavam envolvidos em plataformas de comércio eletrônico.

Esses dados fazem parte do módulo Teletrabalho e Trabalho por Meio de Plataformas Digitais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgado pela primeira vez pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (25). O órgão ressalta que essas estatísticas são experimentais e ainda estão em fase de teste e avaliação.

Gustavo Geaquinto, analista do levantamento, afirmou que a introdução deste módulo na pesquisa é fundamental para quantificar e compreender melhor o fenômeno da plataformização do trabalho no país. Dentre os setores de atividade, o de transporte, armazenagem e correio reunia a maioria dos trabalhadores, representando 67,3% do total. Isso engloba tanto o transporte de passageiros quanto serviços de entrega, que são os tipos mais comuns de aplicativos utilizados. Em seguida, o setor de alojamento e alimentação respondia por 16,7% dos trabalhadores, especialmente devido aos estabelecimentos de alimentação que utilizam plataformas de entrega.

A maioria dos trabalhadores plataformizados eram “por conta própria” (77,1%), em contraste com os empregados com carteira assinada, que representavam apenas 5,9% dos trabalhadores em plataformas. Por outro lado, no setor privado, 42,2% dos trabalhadores eram empregados com carteira assinada.

No que diz respeito às atividades, o trabalho principal realizado por meio de aplicativos de transporte de passageiros, excluindo táxi, era a escolha de 52,2% dos trabalhadores de plataformas, enquanto 39,5% se dedicavam a aplicativos de entrega de comida ou produtos, e 13,2% atuavam em aplicativos de prestação de serviços gerais ou profissionais.

Os aplicativos de transporte particular de passageiros eram os mais utilizados (47,2%), seguidos pelo serviço de entrega de comida e produtos (39,5%), aplicativos de táxi (13,9%) e aplicativos de prestação de serviços gerais ou profissionais (13,2%).

A região com a maior percentagem de trabalhadores em plataformas foi o Sudeste, com 2,2%, o que representava 57,9% do total de trabalhadores em plataformas. Nas outras regiões, o percentual de pessoas ocupadas que realizavam trabalhos por meio de aplicativos de serviços estava entre 1,3% e 1,4%.

Em relação ao gênero, a maioria esmagadora dos trabalhadores de plataformas era composta por homens (81,3%), muito acima da média geral dos trabalhadores ocupados (59,1%). As mulheres compunham 18,7% do total de trabalhadores em plataformas.

A faixa etária predominante era de 25 a 39 anos, representando 48,4% dos trabalhadores que utilizavam plataformas digitais para trabalho. Quanto à escolaridade, a maioria dos trabalhadores em plataformas tinha níveis intermediários de escolaridade, com a maioria tendo o ensino médio completo ou superior incompleto (61,3%).

Em termos de rendimentos, no quarto trimestre de 2022, os trabalhadores em plataformas tinham renda 5,4% superior (R$ 2.645) à média dos ocupados (R$ 2.513). Trabalhavam mais horas semanais, com uma média de 46 horas em comparação com as 39,6 horas dos ocupados tradicionais. No entanto, essa diferença de renda variava de acordo com o nível de escolaridade.

No que diz respeito à cor e raça, não foram observadas diferenças significativas entre os trabalhadores em plataformas e os que não utilizavam plataformas. A distribuição era semelhante para brancos, pretos e pardos.

Em termos de previdência e informalidade, apenas 35,7% dos trabalhadores em plataformas contribuíam para a previdência, em comparação com 60,8% dos ocupados no setor privado. A informalidade era mais comum entre os trabalhadores em plataformas (70,1%) do que entre os ocupados no setor privado (44,2%), mas essa informalidade se referia exclusivamente ao trabalho principal da pessoa.

A coleta de dados para este módulo inédito da PNAD Contínua ocorreu no quarto trimestre de 2022 entre a população ocupada com 14 anos ou mais de idade, excluindo o setor público e militares. O levantamento se baseou no trabalho único ou principal que a pessoa desempenhava durante a semana de referência. Segundo a definição da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 2021, as plataformas digitais de trabalho possibilitam a intermediação entre fornecedores individuais (trabalhadores em plataformas e outras empresas) e clientes por meio de tecnologias digitais.

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Imagem: Agência Brasil