E-commerce
Mercado Livre está superando a Amazon este ano
Uma das maiores empresas de e-commerce do mundo está emergindo como uma das favoritas em Wall Street, à medida que os investidores buscam oportunidades no setor de tecnologia além das “Sete Magníficas”, estamos falando do Mercado Livre.
O Mercado Livre é uma plataforma de e-commerce e pagamentos argentina, incorporada em Delaware e negociada ativamente na Nasdaq, que teve uma valorização de 34% em 2024, em comparação com cerca de 27% para a Amazon e 20% para o S&P 500. A empresa foi fundada há 25 anos por Marcos Galperin, no auge do boom da internet. Atualmente, domina as vendas online no Brasil, Argentina, México, Chile e representa cerca de metade das vendas online na América do Sul, de acordo com a eMarketer. A empresa também opera uma plataforma de pagamentos digitais chamada Mercado Pago.
Cerca de 90% dos analistas de Wall Street que acompanham a ação classificam-na como “compra”, com um preço-alvo médio de US$ 2.268 — aproximadamente 8% acima de onde estava sendo negociada nesta semana, segundo a FactSet. Não há recomendações de venda.
Brad Gerstner, da Altimeter Capital, é um desses otimistas. Ele destacou a expansão das margens de lucro e o potencial de IA do Mercado Livre como razões pelas quais está “empolgado” com a ação.
“Você olha para empresas como o Mercado Livre… muitas empresas que as pessoas meio que esqueceram enquanto [os investidores] se voltavam para as Sete Magníficas — acho que haverá muitas empresas de internet que se beneficiarão com a IA”, disse Gerstner na conferência Communicopia da Goldman Sachs. “Não é apenas a expansão das margens, mas a reaceleração no topo, onde elas podem adquirir clientes, melhorar produtos de uma forma que facilite as compras para os clientes e elimine fricções do sistema.”
Do Vale do Silício a Buenos Aires
Galperin teve a ideia do Mercado Livre enquanto era estudante na Stanford Graduate School of Business em Palo Alto, Califórnia. Ele começou a buscar financiamento inicial em um momento em que poucos investidores estavam dispostos a colocar capital fora da Califórnia.
“Não havia capital de risco para a América Latina. Na verdade, havia pouco capital de risco para qualquer coisa fora do Vale do Silício. Mesmo se você fosse um empreendedor baseado em Nova York, os investidores estavam todos na Sand Hill Road”, disse Galperin, referindo-se à “Wall Street da Costa Oeste”. “Não acho que eles se importavam em explorar outras partes do mundo.”
Essa mentalidade dos investidores mudou. No ano passado, empresas apoiadas por capital de risco na América Latina levantaram US$ 3,3 bilhões em quase 1.000 negócios, de acordo com a PitchBook. No auge, em 2021, a região captou US$ 16,3 bilhões.
Mas, no final dos anos 1990, Galperin apresentou sua ideia a um investidor de private equity que estava dando uma palestra em Stanford e argumentou que a falta de infraestrutura e competição na América Latina representava uma oportunidade.
“Na América Latina, não havia infraestrutura existente. Você não podia fazer pagamentos online. Não havia logística eficiente para o comércio peer-to-peer, tivemos que construir tudo isso por conta própria”, disse Galperin. “Isso tornou as coisas mais difíceis no início — mas para nós hoje, é ótimo.”
Embora o Mercado Livre seja às vezes chamado de “Amazon da América do Sul”, Galperin construiu a empresa em um momento em que o eBay dominava o comércio online. Na época, a Amazon ainda era mais uma livraria online. De fato, o Mercado Livre fez parceria com o eBay, que comprou 20% da empresa em 2001, e vendeu a participação em 2016.
“Aprendemos muito com essa relação, e eventualmente começamos a nos afastar dos leilões”, disse Galperin. “Hoje, acho que estamos muito mais próximos do que a Amazon é.”
A Amazon também está começando a ver oportunidades na América do Sul. A plataforma dominante de e-commerce da América do Norte expandiu-se para o México. “Estamos competindo desde que começamos — é algo que continuará por muitos anos”, disse Galperin.
Ventos favoráveis à concorrência
Ele apontou fatores que podem ajudar o Mercado Livre a resistir à concorrência. O e-commerce e os pagamentos online estão crescendo constantemente, e a América Latina tem uma população jovem e familiarizada com a tecnologia móvel, com mais de 600 milhões de pessoas. O Mercado Livre aumentou sua receita em 42% no segundo trimestre e 112% em uma base neutra de câmbio. Sua margem de lucro operacional expandiu para 14,3%.
“Quando você olha para a penetração do e-commerce na América Latina, ainda é bastante baixa em comparação com os EUA, Europa ou Ásia”, disse Galperin. “Cerca de metade da população não tem conta bancária ou está sub-bancarizada. É uma oportunidade enorme para nós distribuirmos produtos financeiros a todas essas pessoas que, historicamente, foram excluídas.”
Imagem: Envato
Informações: Kate Rooney para CNBC
Tradução livre: Central do Varejo