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Oportunidades, riscos e os impactos da Reforma Tributária para o Franchising

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A Reforma Tributária não é mais uma possibilidade distante. Ela já foi aprovada e a contagem regressiva para sua implementação começou. Durante o Franchising Summit Brasil 2025, a palestra “Reforma Tributária – Orientações práticas sobre os impactos jurídicos e tributários”, com Giancarlo Chiapinotto da PwC e Elaine dos Anjos da Arezzo/Azzas, trouxe um alerta claro: o momento de agir é agora.

A Reforma Tributária (RT) foi apresentada como um fator crítico de risco e oportunidade para os negócios nos próximos anos. Segundo os palestrantes, ela deve ser vista como uma chance de gerar vantagem competitiva, mas apenas para quem estiver preparado. Cinco pontos-chave destacaram o contexto da reforma:

  1. A RT vai impactar a estratégia das empresas;
  2. Pode ser uma oportunidade para ganho competitivo;
  3. Exige mobilização imediata de todos os stakeholders;
  4. Requer uma abordagem holística, com uso de tecnologia e análise de dados preditiva;
  5. Precisa ser um tema central na agenda de conselhos e do C-Level.

O que muda no sistema tributário?

A principal mudança será a extinção de quatro tributos atuais: PIS, COFINS, ICMS e ISS, dando lugar a um sistema de “IVA Dual”, que cria dois novos impostos:

  • CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços – Federal)

  • IBS (Imposto sobre Bens e Serviços – Estadual/Municipal)

Além disso, haverá um IS (Imposto Seletivo – Federal), para produtos específicos, mas a lista final ainda está em discussão:

  • Alíquota estimada: A carga total deverá girar em torno de 25% a 28%, com variações por tipo de produto e regime.

O sistema passará a ter incidência ampla, incluindo serviços, permutas, licenciamento, aluguel e outras operações antes pouco tributadas.

Impactos práticos

A reforma afetará profundamente a composição de preços, a logística e até o modelo de negócio das franquias. “Agora, não basta olhar de onde estou vendendo, mas para onde estou vendendo. Isso muda toda a lógica, especialmente em operações de e-commerce”, explicou Giancarlo.

Outros impactos diretos:

  • Revisão de contratos de franquia e de fornecedores;

  • Alterações em sistemas de ERP e emissão de notas fiscais;

  • Necessidade de mapear o consumo para tributar no destino;

  • Fim da lógica de insumos (créditos passam a ser condicionados ao pagamento real, no regime de caixa).

A nova sistemática e cronograma de transição

Entre os pontos mais críticos, a nova sistemática tributária exige:

  • Tributação no destino: Estados e municípios onde o cliente final está localizado passam a ser os beneficiários da arrecadação.

  • Eliminação de benefícios fiscais: Até 2033, todos os incentivos fiscais regionais (exemplo: ICMS reduzido) serão extintos.

  • Split Payment: Possibilidade de adoção de modelo em que o pagamento ao fornecedor já desconta automaticamente o valor do imposto devido.

  • Aumento de complexidade operacional: Necessidade de controles mais rigorosos sobre créditos e débitos tributários.

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O período de transição vai de 2026 a 2032, com os seguintes marcos principais:

Ano Evento
2026 Fase de teste: IBS e CBS destacados na NF, mas com alíquotas simbólicas
2027 Início da cobrança da CBS e extinção do PIS/COFINS
2029 Início da cobrança do IBS e redução gradual do ICMS e ISS
2032-2033 Fim dos benefícios fiscais e adoção plena do novo sistema

Impactos diretos da Reforma Tributária no setor de franquias

Para os franqueadores:

  • Revisão da precificação dos royalties;

  • Incidência de CBS e IBS sobre contratos de franquia, que hoje têm apenas ISS (com alíquota média de 5%);

  • Potencial aumento da carga tributária, especialmente no lucro presumido.

Para os franqueados (Simples Nacional):

  • Risco de perda de competitividade por não aproveitamento de créditos de IBS e CBS;

  • Possível manutenção de regime favorecido (ainda em discussão no PL 108/2024).

Para franqueados no Lucro Presumido e Lucro Real:

  • Aumento da carga tributária sobre prestação de serviços;

  • Necessidade de reavaliar a viabilidade do regime;

  • Controle mais rigoroso para aproveitamento de créditos.

Elaine dos Anjos destacou que a governança corporativa precisa liderar o processo de adaptação: “No Grupo Arezzo, os comitês de governança estão provocando todas as áreas – comercial, financeira, expansão, produto – a entender e se preparar. Não é um tema que pode ficar só nas mãos da contabilidade.”

Quem não se preparar agora, corre o risco de perder competitividade nos próximos anos.


Imagens e informações: (*) Patricia Cotti – Ganhadora do Digital Transformation Awards, Sócia Diretora da Goakira, Diretora de Pesquisa do IBEVAR, Colunista Central do Varejo, Professora dos MBAs da FIA, ESPM, ESECOM, USP.

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