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Recuperações judiciais no varejo e oportunidades

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Não são poucos os casos de dificuldades financeiras e recuperações judiciais pelas quais passaram diversas redes de varejo nesses últimos meses. Para quem vinha carregando um alto nível de alavancagem no endividamento, seja com bancos, shoppings centers, fornecedores, o custo da dívida após a pandemia com os altos juros subiu muito. Com a baixa capacidade de aumento do consumo em virtude do menor poder de compra da população, o impacto atingiu a todos, porém muitos saíram até mais fortalecidos.

O entendimento dessas consequências deriva de análises dos mais diversos motivos e suas possíveis causas, às vezes somadas:

A expansão otimista demais, onde havia expectativa de melhores resultados de novas unidades para fazer frente aos novos empréstimos no fluxo de caixa, como na TOK&STOK o MADERO, e a demora no fechamento de unidades deficitárias;

A digitalização, com o consumidor tendo um mundo na palma da mão, afeta mais os varejistas de bens duráveis com lojas físicas, como CASAS BAHIA ou POLISHOP;

O poder de barganha das grandes plataformas de e-commerce, além dos baixos custos provenientes da China, bem como impostos incidentes, causam impacto no mercado de moda, como LOJAS MARISA, M.OFFICER e AMMO VAREJO, controlada pela COTEMINAS com as marcas M.MARTAN, ARTEX e SANTISTA;

Os Aplicativos de Delivery e lojas de conveniência afetam toda a cadeia do varejo alimentar, como o caso dos GRUPOS DIA e PÃO DE AÇÚCAR, além redes de alimentação SUBWAY, EATALY e STARBUCKS, que somados aos aspectos societários, sofreram mais, fecharam unidades e passam por problemas de caixa;

Na LOJAS AMERICANAS, além da fraude contábil, soma-se lojas escuras e sem vendedores, baixo nível de atendimento. E como grupo empresarial, desvio de foco com aquisição do portal SUBMARINO, a rede UNI.CO, das lojas PUKET e IMAGINARIUM, sem integrações e criação de sinergias;
O caso mais recente é A CASA DO PÃO DE QUEIJO, que tinha capilaridade e força de marca, mas preços elevados com baixo nível de serviço, além de cardápio pouco atrativo.

Porém, a maior parte de tais eventos ocorre por aspectos de gestão e nem todas chegaram de fato a solicitar a famosa “RJ”, antiga “concordata”, hoje com mais chances de a empresa ser salva. Acima de tudo o desafio passa pela enorme competitividade. É sempre multicausal e não cabem tais vínculos simplistas à origem e efeitos das recuperações judiciais e extrajudiciais empresariais. Mesmo porque todas essas marcas apresentaram sucesso anterior, o que demanda ainda mais atenção ao varejo estar sempre revisitando estratégias e evoluindo sua transformação, modelos de negócio, canais, oferta de produtos e foco na rentabilidade.

No caso de alimentação, em especial o ramo de cafeterias, apenas nos últimos 5 anos tivemos a ascensão de diversas marcas que preencheram a lacuna de tal forma que a quantidade de pontos comerciais e empregos mais que compensaram tais perdas: CHEIRIN BÃO, STERNA CAFÉ, KOPENHAGEN, CASA BAUDUCCO, THE COFFEE, CAFÉ CULTURA, REI DO MATE e LUGANO são apenas alguns exemplos de redes que surgiram ou ampliaram vastamente tais espaços, principalmente pelo caminho das franquias, e caíram no gosto do consumidor, assumindo o protagonismo de outrora.

Fato é que na maioria dos casos as empresas vão mudando de mãos, a preferência por marcas e território é benéfica ao consumidor que exige inovação a preços justos, e cria-se sempre oportunidades nesse tão desafiador setor do varejo.

Imagem: Envato



*Carlos Sgarlata
é casado com a Ana Paula e pai de 2 tesouros, amante da Itália e de esportes. Foi Campeão Brasileiro de Kart. Formado em Administração pela PUC-SP, possui MBA em Gestão pela FDC-MG e Master Conselheiro em Governança e Nova Economia pela Go.New. Membro da AV Varejo, painelista, palestrante e entusiasta de finanças e estratégias em desenhos de canais de distribuição. Acumula mais de 20 anos de experiência em indústrias de bens de consumo e varejo, com início em empresa BIG 4 PwC, e atuações como Embaixador do Capitalismo Consciente em seus projetos de consultoria de Turn Around, Valuation e M&A. Atua no ecossistema de Franchising, holdings familiares, foi Professor de Estratégia, Franchising e Empreendedorismo, além de membro de Conselhos Consultivos e de Administração. Multifranqueado Kopenhagen há 12 anos, dos quais metade deles como membro de Comitês Financeiros, e membro do Conselho de Franqueados na gestão Advent e Nestlè. Acompanhe o autor no LinkedIn, no ABC do Franchising e nas redes sociais: @carlos_sgarlata.

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