Operação
Shein cresce 250%, supera Marisa e desafia grandes do varejo nacional
Em resposta à expansão da marca chinesa no país, os principais varejistas brasileiros investem em tecnologia e inteligência artificial
A ascensão da Shein no mercado brasileiro está lançando uma sombra sobre os principais varejistas têxteis locais. Segundo estimativas do banco BTG Pactual, no ano passado, a Shein faturou impressionantes R$7 bilhões, um aumento de 250% em relação aos R$2 bilhões registrados em 2021. Enquanto isso, os varejistas locais apresentaram um crescimento tímido, entre 10% e 25%, em comparação com a Shein.
O faturamento da Shein, uma varejista online asiática conhecida por seus preços baixos e pela moda rápida, está se aproximando dos ganhos de grandes redes tradicionais no Brasil, como a Riachuelo e a C&A. Fundada na China em 2008 e atualmente sediada em Singapura, a Shein não divulga seu faturamento global ou local, mas estima-se que suas vendas totais no ano passado tenham ultrapassado os US$30 bilhões (R$147 bilhões). Esse crescimento vertiginoso tem levado grandes redes de varejo têxtil no Brasil, como a Renner e a C&A, a investirem cada vez mais em tecnologia e inteligência artificial para se aproximarem do modelo da Shein, baseado em produção sob demanda e estoque próximo de zero.
Nos últimos três anos, a C&A investiu R$601 milhões em tecnologia, buscando se tornar uma “fashiontec”, uma empresa de moda abastecida por tecnologia. A varejista contratou a multinacional americana Palantir, especializada em inteligência artificial, para desenvolver um sistema de recomendações de compra automatizadas e controle de estoque mais eficiente. A Renner também tem investido em tecnologia, utilizando identificação por radiofrequência (RFID) em suas peças de roupa para rastrear e controlar o estoque em tempo real.
A produção sob demanda é um dos pontos fortes da Shein, que realiza testes com pequenas quantidades de peças antes de escalá-las para produção em tempo real. A empresa utiliza inteligência artificial para determinar o que produzir e quais produtos cada consumidor deseja, oferecendo uma experiência personalizada. Enquanto os varejistas brasileiros compram estoques com antecedência e muitas vezes têm dificuldade em oferecer os produtos corretos, a Shein fabrica apenas o que os consumidores querem.
As varejistas locais já têm investido em tecnologia para enfrentar a concorrência da Shein, principalmente durante a pandemia, quando as vendas digitais se tornaram mais significativas. O foco agora é usar a tecnologia para agilizar as operações, reduzir custos com estoque e garantir maior assertividade no planejamento e distribuição das coleções. No entanto, a Shein continua atraindo os consumidores com seu design de produtos inovador, engajamento da comunidade e preços competitivos.
Embora os varejistas brasileiros não sejam contra a presença da Shein no país, eles buscam isonomia tributária e condições justas de competição.
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