Economia
IBGE: varejo fica estável em abril, com influência da Páscoa e dos juros

As vendas no varejo brasileiro apresentaram variação de -0,4% entre março e abril de 2025, resultado que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) considera como estabilidade. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (12) pela Pesquisa Mensal de Comércio (PMC). Na comparação com abril de 2024, houve aumento de 4,8%. No acumulado do ano, o setor registra alta de 2,1%, e em 12 meses, de 3,4%.
Segundo o economista Ulisses Ruiz de Gamboa, do Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo (IEGV-ACSP), os dados refletem a combinação de dois fatores: o impulso da Páscoa, que em 2025 foi celebrada em abril, e o impacto negativo dos juros elevados, principalmente no consumo de bens duráveis. “A perspectiva continua sendo de desaceleração”, afirmou.
Entre os segmentos analisados, as vendas em hiper e supermercados (que incluem produtos alimentícios) subiram 6,4% na comparação anual. No entanto, de março para abril, o grupo apresentou queda de 0,8%. Das oito atividades pesquisadas pelo IBGE, quatro registraram crescimento no mês, enquanto as outras quatro tiveram retração. Em relação a abril do ano anterior, cinco atividades apresentaram aumento nas vendas. Além de hiper/supermercados, destacam-se tecidos, vestuário e calçados (+7,8%) e artigos médicos e farmacêuticos (+1,9%). Entre as quedas estão combustíveis e lubrificantes (-1,9%).
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No varejo ampliado, que inclui veículos, peças e material de construção, as maiores retrações ocorreram em veículos e peças (-7,1%) e material de construção (-2,7%). “A gente já pode ver no consumo de bens duráveis o efeito negativo dos juros”, afirmou Ruiz de Gamboa. “Esse efeito ainda não é tão claro no varejo [restrito], porque emprego e renda ainda estão crescendo.”
De acordo com o gerente da PMC, Cristiano Santos, a estabilidade nas vendas em abril ocorre após três meses de crescimento, com março tendo atingido o maior nível da série histórica iniciada em janeiro de 2000. “Está havendo uma desaceleração, após três meses de crescimento”, disse. “Existe o efeito base, pois o patamar anterior foi recorde. É muito mais difícil subir.”
Cristiano também destacou que o setor de hiper e supermercados representa mais da metade do índice. “O comércio é muito focado nos orçamentos familiares”, afirmou. “A família precisa distribuir seu orçamento entre comércio, serviços, talvez uma poupança ou pagar uma dívida.”
Segundo ele, mesmo com a desaceleração da inflação geral, houve aumento nos preços dos alimentos, o que afeta diretamente o setor. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril foi de 0,43%, enquanto o grupo Alimentação e Bebidas subiu 0,82%. Em maio, ambos desaceleraram, registrando 0,26% e 0,17%, respectivamente. No acumulado de 12 meses, os alimentos registram alta de 7,33%, frente a 5,32% da inflação geral.
No acumulado de 12 meses, os dados da PMC apontam alta nas vendas do varejo ampliado, com crescimento de 7,6% em veículos e peças e 5,2% em material de construção. No varejo restrito, destacam-se os aumentos nas vendas de móveis e eletrodomésticos (5%), artigos médicos e farmacêuticos (5,7%) e tecidos e vestuário (4,6%). A principal queda permanece em combustíveis e lubrificantes (-1,1%).
Em 2024, o varejo registrou crescimento de 4,1%, ante alta de 1,7% em 2023.
Com informações de Agência DC News
Imagem: Envato