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E se a moda das retrospectivas dos streamings se aplicasse ao e-commerce brasileiro?
O que vale destacar em 2025
As retrospectivas dos streamings se tornaram uma forma simples de sintetizar o que marcou o ano, e aplicar essa lógica ao e-commerce brasileiro ajuda a revelar, com clareza, como 2025 consolidou um mercado mais robusto, seletivo e orientado por novas prioridades de consumo. As projeções apontam que o setor deve ultrapassar R$ 224,7 bilhões em faturamento, crescendo cerca de 10% em relação a 2024, enquanto o ticket médio alcança um patamar próximo de R$ 539, reforçando que o consumidor não apenas compra mais, mas compra melhor, impulsionado por categorias de maior valor agregado e por uma rotina digital mais madura.
A Black Friday 2025 também reforça essa evolução: o e-commerce registrou R$ 4,76 bilhões no dia oficial, com alta de 11,2% frente ao ano anterior, e somou R$ 10,19 bilhões no período estendido, um crescimento de 7,8%, além de um aumento expressivo de 24,5% nas primeiras 12 horas, sinalizando um consumidor mais preparado, organizado e disposto a investir quando percebe consistência de preço, confiança e prazos logísticos confiáveis.
Entre as categorias que mais se destacaram ao longo do ano, beleza, saúde, bem-estar e wellness assumiram protagonismo. O cuidado pessoal tornou-se parte da rotina de compra digital, com alta demanda por skincare, haircare, dermocosméticos, suplementação, vitaminas, probióticos e dispositivos domésticos de autocuidado.
A força dessas categorias está diretamente ligada à busca por conveniência e variedade, ao fortalecimento de modelos de recorrência e ao aumento da disposição do consumidor em investir em produtos premium — fatores que impactam positivamente o ticket médio e ampliam o espaço dessas linhas no varejo virtual.
Além disso, a tendência global de bem-estar já se materializa no Brasil por meio de um consumidor mais informado, exigente e atento à qualidade e eficácia, comparando benefícios e estudando ingredientes antes de concluir suas compras.
A combinação desses movimentos mostra que 2025 marca um ponto de inflexão importante. O e-commerce brasileiro não avança apenas em volume, mas em sofisticação. As categorias ligadas ao cuidado pessoal consolidam sua relevância, sustentadas por margens saudáveis, frequência de compra e potencial de fidelização, enquanto a logística se torna determinante para retenção, especialmente em segmentos de reposição contínua.
Tudo indica que 2026 seguirá essa trajetória, com um consumidor ainda mais conectado ao universo de saúde e bem-estar e com operações cada vez mais pressionadas a entregar eficiência, visibilidade e prazos consistentes para manter esse ritmo de crescimento.
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Imagem: Envato

*Anita Bataglin é Chief Revenue Officer (CRO) da Unlock. Formada em Fashion Business pela Anhembi Morumbi e com MBA em Gestão de Negócios pela Live University, possui também especialização em Digital Marketing pela General Assembly. Com mais de 15 anos de experiência no mercado de e-commerce, a executiva acumula passagens na gestão de e-commerce e marketing em nomes do varejo como Inbrands, Icomm Group (Shop2gether e Oqvestir), e empresas do ecossistema de serviços e tecnologia em comércio eletrônico como Synapcom, Infracommerce e Intelipost. Além do reconhecimento de mercado, foi duplamente premiada pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABCOMM) na categoria profissional de E-commerce, em 2020 e 2022.
