Franquias crescem 11,4% no terceiro trimestre de 2023

O setor de franquias sinalizou ter superado os momentos mais desafiadores decorrentes da pandemia de Covid-19, mantendo uma trajetória ascendente e apresentando um aumento de 11,4% em sua receita no terceiro trimestre deste ano. Esses são os resultados destacados pela Pesquisa Trimestral de Desempenho conduzida pela Associação Brasileira de Franchising (ABF).

Conforme o estudo, o faturamento do setor subiu de R$ 56,2 bilhões para R$ 62,6 bilhões durante esse período, em comparação com os mesmos meses de 2022.

Em relação ao terceiro trimestre de 2021, o crescimento positivo foi quase três vezes maior, totalizando 32,3%. Comparativamente ao mesmo período de 2020, marcado pelo início da pandemia, a receita registrou um aumento ainda mais significativo, de 42,6%. Em comparação a 2019, o avanço foi de 32,8%.

Esse desempenho das redes de franquias durante o período analisado pela ABF é atribuído, principalmente, à aplicação contínua das melhores práticas e aos aprendizados acumulados nos últimos anos, juntamente com a progressão da digitalização e a adoção de novos modelos, em um contexto consolidado de atividades presenciais e com melhorias observadas em alguns indicadores macroeconômicos, como a taxa de emprego.

No entanto, persistem desafios como a gestão das sequelas da pandemia, o aumento da inflação, obstáculos no acesso a crédito, a complexidade do ambiente de negócios no Brasil e dificuldades na contratação de mão de obra qualificada.

Ao longo de doze meses, segundo a pesquisa da ABF, a receita apresentou um aumento de 13,3%, saltando de R$ 204,3 bilhões para R$ 231,5 bilhões. No período de janeiro a setembro deste ano, o crescimento foi 13,6% superior ao mesmo intervalo de 2022, números que refletem o bom momento experimentado pelo setor.

A entidade projeta que esses indicadores apontam para um encerramento do ano alinhado às previsões: um crescimento de faturamento entre 9,5% e 12%, um incremento de 10% nas operações, um avanço de 4% nas redes e um aumento de 10% no número de empregos. Contudo, a ABF mantém-se vigilante em relação aos cenários nacional e internacional que possam eventualmente impactar o setor no quarto trimestre.

A Diretora de Unidade de Negócios do Ecossistema Goakira, Deborah Machado, corroborou a análise feita pela ABF. “A digitalização e a omnicanalidade têm desempenhado papéis fundamentais, proporcionando maior alcance e eficiência. Além disso, a diversificação de formatos e a estabilidade nas atividades presenciais são fatores que impulsionam o setor”, explicou. 

Deborah também ressaltou a importância de monitorar como eventos extremos podem impactar esse cenário. “As empresas ainda engatinham nessas iniciativas e muitas vezes tantas ofertas confundem o cliente. Creio que a partir do próximo ano entraremos em um cenário de amadurecimento empresarial e modelos que passarão a se consolidar.”

Com relação ao movimento de abertura e fechamento de operações, o levantamento indicou que foram inauguradas 4,5% mais unidades frente ao terceiro trimestre do ano passado. O índice de encerramento ficou em 1,7%, resultando num saldo positivo de 2,8%.

Já os repasses se mantiveram quase estáveis, com um índice de 0,7% ante 0,9% registrado no segundo trimestre do ano passado. Com isso, houve um acréscimo de 11.990 operações de franquias no país no período pesquisado, totalizando 191.346 unidades.

O número de empregos diretos gerados pelo setor no terceiro trimestre de 2023 foi da ordem de 1,645 milhão de trabalhadores.

Todos os setores de franquias cresceram

Nos meses de julho a setembro, como observado nos trimestres anteriores, o estudo da ABF mostrou que todos os segmentos do franchising cresceram. Entre os Top 5, o maior índice foi de Alimentação – Food Service, com alta de 17,5% na receita nesse período.

Entre os fatores principais que explicam este desempenho do segmento estão um significativo aumento no número de marcas e unidades, incremento no faturamento médio por operação, o retorno do trabalho presencial e de hábitos sociais interrompidos pela pandemia, além do lançamento de produtos, reformulação e melhorias do cardápio e portfólio.

Deborah Machado acredita que outra razão pelo sucesso das franquias de alimentação pode ser o caráter essencial dos serviços alimentícios e a adaptabilidade das franquias nesse setor. “A busca constante por conveniência e novas experiências gastronômicas também contribui para esse crescimento expressivo”, concluiu a gestora.

Saúde, Beleza e Bem-Estar se destacou em segundo lugar, com receita 13,7% maior na comparação entre os meses pesquisados. O segmento registrou aumento na quantidade de redes, operações e um expressivo crescimento do faturamento médio por unidade. Além disso, ele continuou se beneficiando dos cuidados das pessoas com sua saúde, com destaque para as óticas, cuidados estéticos e fitness.

O segmento de Entretenimento e Lazer apresentou o terceiro melhor desempenho, com um índice de crescimento de 12,4%. Um dos mais atingidos pela pandemia, o segmento reportou forte desempenho comercial dos últimos 12 meses, originado da melhora do marketing e de investimentos dos franqueados. Também houve a entrada de empresas novas na parte de eventos e também voltadas ao público infantil e adolescente.

Alimentação – Comercialização e Distribuição (que inclui, por exemplo, supermercados, chocolaterias e lojas de conveniência) ficou em quarto lugar, com 11,8% de alta, tendo como principais razões para o bom desempenho fatores econômicos e de mercado e um maior engajamento nas lojas físicas.

Fechando os Top 5 segmentos que mais cresceram no intervalo pesquisado está Serviços e Outros Negócios, que também registrou crescimento de 11,8% no período. O segmento que emprega o maior número de trabalhadores no Brasil se destacou pela maior demanda por serviços nesse período.

“A previsão de crescimento contínuo no mercado do franchising é encorajadora, especialmente à luz do avanço da digitalização e da adoção de novos formatos muito motivado pela pandemia, com as marcas sendo obrigadas a reinventar-se. No entanto, é fundamental considerar a incerteza que ainda paira em relação à recuperação completa da pandemia. O fluxo de pessoas ainda não retomou os patamares pré-pandemia, os clientes aprenderam a escolher o momento e motivo de ir a determinado local e isso obriga o mercado a prover mais do que apenas produtos e serviços”, conclui Deborah Machado.

A Pesquisa de Desempenho Trimestral do Franchising referente ao período de julho a setembro de 2023 envolveu uma base amostral com 370 redes respondentes que representam aproximadamente 33,3% do faturamento e 33,2% das operações do setor.

Imagem: Envato