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Mundo digital cada vez mais físico

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Para onde quer que se olhe, só se fala em inteligência artificial. Mas o que quero aqui é provocar uma reflexão: quanto mais se discute sobre IA, mais eu escuto — e percebo — uma busca crescente pela conexão humana. Estive em janeiro na maior feira de varejo do mundo, em Nova Iorque, onde um dos grandes temas, mais uma vez, foi o poder do varejo físico.

Em outras palavras: a importância de mantermos as conexões presenciais entre as pessoas. Já em março, tive a oportunidade de participar do RetailTech, em Tóquio, um evento que reuniu mais de 70 mil pessoas. Ainda pouco conhecido no Ocidente, mas de enorme relevância no Oriente.

Duas coisas me chamaram especialmente a atenção por lá. Primeiro, a preocupação dos japoneses em transformar lojas e negócios físicos em espaços sociáveis, verdadeiros pontos de encontro. Um exemplo foi a apresentação da Muji, uma grande marca japonesa que tem como foco transformar suas lojas em hubs de pessoas. Apesar de a tecnologia ser quase onipresente no Japão, ao visitar estabelecimentos locais percebi o quanto o contato humano segue valorizado. É curioso notar que grandes marcas, mesmo imersas em tecnologia, ainda apostam no atendimento pessoal, com vendedores treinados para um serviço humanizado, o chamado atendimento “touch”.

Em abril, participei da edição carioca do WebSummit, um dos maiores eventos globais de inovação. E, para minha surpresa — ou talvez nem tanto — o centro das discussões foi, mais uma vez, as pessoas. O grande resumo que tiro de todas essas experiências recentes é que as ferramentas tecnológicas estão cada vez mais a serviço de algo essencial: nos dar mais tempo para fazer o que nós, seres urbanos, sabemos fazer de melhor — criar conexões reais.

As grandes marcas estão atentas a isso. Entenderam que a criatividade humana é um território onde as máquinas ainda não chegam. E é justamente essa consciência que está mudando a forma de fazer negócios.

Portanto, quando pensamos em inteligência artificial, em vez de enxergá-la como uma ameaça, talvez devêssemos vê-la como uma solução. Uma aliada no nosso desafio mais urgente e precioso: ter mais tempo para aquilo que realmente importa. Fica aqui a reflexão que ouvi de algumas dessas grandes empresas: o problema não é ser substituído pela IA, mas sim por quem souber usá-la melhor.

Então, viva mais. Viva com quem você se importa. Nunca tivemos tanta tecnologia a nosso favor para viver melhor — e com mais sentido — o que realmente importa.

Imagem: ChatGPT


*Elifas de Vargas é formado em Marketing, com especialização em Quality Service pela Disney Institute na Flórida-USA. É criador do método FastVideos, produção rápida e versátil de vídeos para web, utilizando apenas o smartphone. Responsável por fundar a primeira webtv privada do Rio Grande do Sul, em 2006, dentro da incubadora tecnológica da Univates, possui ampla experiência em comunicação e é Terapeuta Comportamental pela Escola de Executivos e Negócios Instituto Albuquerque, certificada pela Fundação Napoleon Hill. Empresário, Co-Founder da Agência de Marketing Kreativ desde 2010, com sede em Lajeado/RS e filiais em POA/RS e Rio de Janeiro/RJ, está sempre em busca de experiências que impactem os negócios de seus clientes. Assim, também é curador de diversos eventos, entre eles, o Rio Inovattion Week (maior evento de inovação e tecnologia da América Latina) no Rio do Janeiro. Mais recentemente, em janeiro de 2024, Vargas fez a curadoria de conteúdo da NRF, em Nova York, para o Projeto NRF 2024 Digital Explorer. Acompanhe o autor no LinkedIn.

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