Economia

Tendências para o varejo de restaurantes no segundo semestre

Segundo Diretor Executivo da ANR, setor está repassando inflação acumulada agora para os clientes, mas a perspectiva é de melhora

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Três pessoas, uma mulher e dois homens estão à mesa de local público, conversando e sorrindo. À mesa, têm taças guardanapos e pratos

Comer fora, no Brasil, está mais caro do que comer em casa, e com um crescimento acima da inflação. Para falar sobre as tendências para o varejo de restaurantes, a Central falou com o Diretor Executivo da Agência Nacional de Restaurantes (ANR).

No primeiro semestre de 2023, o índice de inflação da alimentação fora do domicílio superou a inflação geral brasileira, como publicado recentemente pela Central do Varejo. Segundo estudo da ANR, comer fora de casa nesse período se tornou 3,4% mais caro no Brasil; em São Paulo, o aumento foi ainda maior, de 4,0%.

Na mesma direção, no relatório do IPCA do IBGE, divulgado ontem e também comentado pela CV, o grupo Alimentos sofreu deflação de -0,85%, porém, no subgrupo de alimentação fora do domicílio, houve aumento de 0,22%, parecida com a registrada no mês anterior, de 0,21%. O que mais encareceu foi o lanche (0,30%) e a refeição (0,18%).

Acompanhe a entrevista na íntegra:

Três pessoas, uma mulher e dois homens estão à mesa de local público, conversando e sorrindo. À mesa, têm taças guardanapos e pratos

– Qual é o impacto do aumento dos preços da alimentação fora de casa para os consumidores brasileiros?

Na verdade, o que acontece hoje é que os consumidores estão tendo o reflexo de muitos meses atrás. Há mais de um ano está tendo inflação de alimentos, e agora que tá chegando na alimentação fora do lar. O que aconteceu durante bastante tempo foi que a inflação de alimentos no Brasil cresceu e o mercado de restaurantes represou muito o orçamento, exatamente porque sabe da capacidade de consumo das famílias.

Agora, a gente está fazendo o equilíbrio de preços para conseguir manter as margens razoáveis no negócio. Então agora eu acho que é um momento de reequilíbrio de acordo com a inflação.

– E para o varejo e os donos de restaurante, quais os impactos? Você acha que, pela alimentação fora de casa ser considerada lazer e, muitas vezes, uma coisa extra para os consumidores, pode ser que as pessoas consumam menos agora?

As pessoas imaginam que as pessoas comem fora por lazer, e é claro que também existe a sexta-feira, o almoço de domingo. Mas o grande volume do nosso setor é feito pelas pessoas que se alimentam na rua porque faz parte da rotina delas. A gente tem alguns dados importantes que mostram que um terço de tudo que o brasileiro come, em média, é de alimentação fora do lar. É o caminhoneiro na estrada, a pessoa que mora longe do trabalho, a pessoa que mora sozinha e às vezes não faz sentido cozinhar para uma pessoa só, a mãe ou chefe de família que tem filhos e trabalha muito tempo na rua, então quem não tem tempo de cozinhar acaba comprando comida na rua.

– Isso tem muito a ver com uma mudança de comportamento geracional para pessoas que precisam, ou preferem, comer fora. Você pode comentar um pouco sobre isso?

Um tempo atrás, a mulher não estava no mercado de trabalho e ficava em casa cuidando da família. Isso mudou, e que bom! Aí as pessoas começam a ter homens e mulheres trabalhando na rua. Além disso, o número de pessoas por domicílio caiu. Existem cada vez mais domicílios com apenas uma pessoa ou com o casal com no máximo um filho. E muitas vezes essas pessoas moram em estúdios, não têm uma cozinha ou despensa grandes, e preferem comer fora.

– Quais são as tendências para o varejo de restaurantes para o segundo semestre de 2023?

As tendências para o varejo de restaurantes são de que a inflação que foi represada por um tempo acompanhe o movimento da inflação geral, e se estabilize, alcançando o equilíbrio. Se os preços da economia, de um modo geral, continuarem comportados como parece que estão, não tem nenhum motivo para que a inflação dos restaurantes também se adequem e fiquem na mesma linha.

– Qual é o impacto dessa subida de inflação para os pequenos e médios empreendedores?

É mais difícil lidar com as adversidades em empresas menores. Quanto menor a empresa, menos instrumentos você tem para lidar com velocidade com os problemas. Mas há outros recursos, além de aumento de preços, que podem ser usados em momentos de crise, como mudar o horário de funcionamento, trocar algum item do cardápio, mudar o fornecedor, etc.

Imagem: Envato

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