Economia
Em depoimento, dono da 123 Milhas admite erro de planejamento
CEO da agência de viagens também pediu desculpas e conta com acordo para retorno às operações

Na última quarta-feira (6), Ramiro Júlio Soares Madureira, CEO da 123 Milhas, compareceu à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga pirâmides financeiras, na Câmara dos Deputados. Madureira marcou presença na oitiva após faltar duas vezes à comissão e ser alvo de uma condução coercitiva.
O dono da agência de viagens admitiu que o que causou o encerramento da sua linha promocional de passagens aéreas, no dia 18 de agosto, foi um erro de planejamento. “Ao contrário do que prevíamos, o mercado tem se comportado permanentemente como se estivesse em alta temporada, e isso abalou não só os fundamentos da linha promo, como de toda a 123 Milhas”, afirmou Madureira.
Na audiência, o CEO da 123 Milhas se desculpou com os ex-colaboradores, fornecedores, clientes e parceiros, além de falar que acredita em um diálogo com entidades do governo e da sociedade civil para honrar as dívidas com os credores e viabilizar a retomada das operações da empresa.
“Não há como deixar de nos desculpar novamente com todos aqueles que foram prejudicados por uma linha de negócio que se mostrou equivocada. O que estamos a fazer agora e com toda nossa dedicação e empenho ao nosso alcance é buscar soluções”, disse o executivo.
Ramiro e seu irmão e sócio, Augusto Júlio Soares Madureira, foram convocados para depor na CPI das pirâmides financeiras após o anúncio da suspensão das vendas e emissões de viagens do pacote promocional da 123 Milhas para os meses entre setembro e dezembro e seu subsequente pedido de recuperação judicial.
Como Ramiro e Augusto já haviam faltado duas vezes, a CPI fez um pedido de condução coercitiva dos empresários, autorizada pela Justiça na semana passada. Os sócios da 123 Milhas chegaram a recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) para não comparecerem à oitiva, mas a tentativa foi em vão.
A condução coercitiva não foi a única medida tomada pela CPI das pirâmides financeiras contra os irmãos Ramiro e Augusto. A comissão solicitou a quebra do sigilo bancário e fiscal dos sócios da agência de viagens, que entraram novamente com recurso junto ao STF, mas tiveram seu pedido rejeitado pela ministra Cármen Lúcia.

Foto: Lula Marques
123 Milhas entrou com pedido de recuperação judicial em agosto
A 123 Milhas já vinha, há algum tempo, enfrentando processos de clientes que tinham comprado passagens aéreas e não tinham conseguido usufruir delas. Na ação, consta que a empresa está enfrentando cerca de 4 processos por hora em Belo Horizonte, onde fica sua sede. Além disso, na segunda-feira, 28, a companhia anunciou redução do quadro de funcionários (com cerca de 200 demissões, segundo a Folha de São Paulo), e suspendeu as vendas no site HotMilhas. Em nove dias, a empresa teve mais de 13 mil registros no Reclame Aqui.
Diante da situação, a 123 Milhas publicou um comunicado oficial no seu site, em que explica o motivo do pedido de recuperação judicial: “A medida tem como objetivo assegurar o cumprimento dos compromissos assumidos com clientes, ex-colaboradores e fornecedores. A Recuperação Judicial permitirá concentrar em um só juízo todos os valores devidos. A empresa avalia que, desta forma, chegará mais rápido a soluções com todos os credores para, progressivamente, reequilibrar sua situação financeira.”
Imagem: Agência Brasil