Economia
Setor têxtil e de confecção cresce 7% no Brasil em 2024
O setor têxtil e de confecção brasileiro registrou faturamento de R$ 215 bilhões em 2024, uma alta de aproximadamente 7% em comparação com o ano anterior, segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) divulgado na última terça-feira (14). Apesar do crescimento expressivo no mercado interno, o setor continua enfrentando dificuldades no comércio exterior, refletindo um déficit crescente na balança comercial.
A produção têxtil, responsável por cerca de 40% do faturamento total do setor (R$ 86 bilhões), cresceu 4% em relação a 2023, considerando dados de janeiro a novembro. A produção de vestuário também apresentou avanço, com aumento de 3,8% no mesmo período. Já os outros 60% do faturamento (R$ 129 bilhões) vieram de confecções, que englobam produtos como decoração, cama, mesa e banho.
Fernando Pimentel, presidente emérito e superintendente da Abit, enfatizou que o desempenho positivo de 2024 não será impactado pelos resultados de dezembro, ainda não consolidados. “2024 foi positivo e conseguimos fechar no azul. Embora seja importante relativizar o resultado, uma vez que 2023 foi negativo e a base de comparação ficou mais vantajosa, ainda vemos o copo meio cheio”, destacou.
Balança comercial enfrenta dificuldades
Enquanto o mercado interno apresentou recuperação, o comércio exterior revelou desafios. As importações da indústria têxtil brasileira somaram US$ 6,641 bilhões em 2024, um aumento de 14,7% em relação ao ano anterior. Em contrapartida, as exportações caíram 4,9%, totalizando US$ 909 milhões. O saldo negativo na balança comercial chegou a US$ 5,7 bilhões, uma piora de 15,7% em relação ao déficit de 2023.
Pimentel atribui parte desse desempenho ao aumento dos custos de produção no Brasil, à apreciação do dólar e aos acordos comerciais ainda limitados com outros países. “A alta do dólar valoriza a exportação, mas também eleva os custos atrelados à moeda estrangeira, como máquinas, algodão e produtos químicos, impactando diretamente os custos de produção”, explicou.
Além disso, a concorrência com países asiáticos, especialmente a China, agravou o cenário. “Os asiáticos fortaleceram sua agenda de comércio exterior, e a indústria brasileira vem perdendo presença relativa”, acrescentou o presidente.
Perspectivas para 2025
Apesar das adversidades, a Abit está otimista em relação a 2025, apostando nos efeitos do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. O tratado prevê a eliminação de tarifas para 97% dos bens manufaturados entre os dois blocos, o que pode abrir novas oportunidades para o setor têxtil brasileiro.
“O acordo deve gerar aumento dos investimentos, crescimento das exportações, criação de empregos, fomento à produção e maior aporte tecnológico no Brasil”, disse Pimentel. A expectativa é que essas mudanças fortaleçam a competitividade da indústria nacional no cenário global.
Imagem: Envato