Comportamento

Quase metade das brasileiras está adoecida mentalmente, e aponta problemas profissionais como causa

Falta de dinheiro, sobrecarga e insatisfação com o trabalho são áreas apontadas como piores para as mulheres; 45% delas possui um diagnóstico de ansiedade, depressão ou algum outro transtorno mental segundo pesquisa

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Mulher segura rosto com as duas mãos, sentada de frente a computador

De acordo com pesquisa divulgada na última quarta-feira, 30, pelo Think Olga, mulheres apontam trabalho como causa de adoecimento mental. Quase metade das brasileiras está adoecida mentalmente, e as principais causas estão entre motivos profissionais. A pesquisa foi realizada em maio de 2023, e 1078 mulheres de mais de 18 anos de todas as regiões do Brasil foram entrevistadas. O estudo também faz análise de classe social e raça, e busca responder a como está a saúde mental das mulheres em um cenário pós-pandemia.

O resultado é que 45% das mulheres brasileiras possuem um diagnóstico de ansiedade (35%), depressão (17%) ou algum transtorno mental. Ansiedade, estresse, irritabilidade, sonolência, fadiga, baixa autoestima, insônia e tristeza são experimentados por elas todos os dias, sendo os dois primeiros os mais recorrentes, com 55% e 49% respectivamente.

As causas apontadas pelas mulheres para esse cenário de adoecimento são principalmente falta de dinheiro, sobrecarga e insatisfação com o trabalho. 48% das mulheres dizem estar com situação financeira restrita ou apertada. Além disso, 32% delas dizem ter remuneração baixa. Esses sintomas são apontados pelas mulheres como causas de sofrimento mental.

Mulher segura rosto com as duas mãos, sentada de frente a computador

Porém, as mulheres não estão satisfeitas com nenhuma área da vida. Quando perguntadas sobre a satisfação, de 0 a 10, com as áreas da vida, os índices de satisfação máxima estão em torno de 30% e se referem às relações amorosas e familiares. 60% das mulheres querem mudar a situação financeira, e 30% querem mudanças no trabalho.

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Segundo Regina Facchini, cientista social, para o Think Olga, o adoecimento das mulheres tem a ver com o papel social desempenhado por elas. “A gente tem, socialmente, uma atribuição da tarefa de cuidado para as mulheres. E o que a gente vê, em pesquisas de saúde mental e mesmo no consultório, é que esse cuidado com relação aos homens — que procuram menos ajuda médica, mas cujo cuidado recai sobre as mulheres no cotidiano familiar — tem um impacto também no sofrimento das mulheres. Por que estamos falando aqui de sofrimento.”

A pesquisa ainda ressalta que a pobreza, no mundo, tem gênero e raça. 70% das pessoas que vivem em situação de pobreza no mundo são mulheres. A taxa de desemprego é de 10,8% para mulheres e de 7,2% para homens no Brasil. Além disso, para pessoas pretas e pardas, essa taxa é de 20,4%, enquanto para pessoas brancas é de 6,8%.

Imagem: Envato

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