Economia

Comércio do Rio de Janeiro registra queda de 0,3% nas vendas em 2023

De acordo com especialista, IPTU alto, violência e baixa renda são alguns dos motivos para o declínio do comércio do Rio de Janeiro

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Homem segurando sacolas de compras com mão no rosto mostrando arrependimento

As vendas do comércio do Rio de Janeiro marcaram um declínio de 0,3% em 2023 em comparação com 2022. O levantamento foi realizado pelo Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio) e pelo Sindicato dos Lojistas do Comércio do Município do Rio de Janeiro (SindilojasRio). Além da redução de vendas, a porcentagem aponta a diferença do resultado em relação às outras capitais do país, já que a economia nacional aponta sinais de evolução.

O comércio varejista brasileiro registrou crescimento consecutivo nos últimos quatro anos:  2020 (1,2%), 2021 (1,4%), 2022 (1,0%) e 2023 (1,7%). Por outro lado, o comércio do Rio de Janeiro marcou, em 2020, um crescimento de 1,2%, porém registou uma queda de -0,5% em 2021, -3,5% em 2022 e -0,3% em 2023. 

Para o especialista em varejo Michel Tauil, idealizador do Acelera Varejo, organização que conta com a participação de 4 mil empresários varejistas, IPTU alto, violência e baixa renda são alguns dos motivos para o declínio do setor.

“Há diversos fatores para que o comércio carioca esteja com o baixo número de vendas e em declínio, diferente de outras capitais que estão registrando um saldo positivo. Um deles é o Custo Total de Ocupação (CTO), o Rio de Janeiro possui um CTO elevado, o m2 é um dos mais caros do país, fazendo com que o IPTU também seja muito caro. Além disso, temos constantes problemas com a luz, sendo muito comum ficarmos certos períodos sem energia. Esses fatores não só desanimam o investidor que buscava empreender no setor de varejo carioca, como também diminuiu suas vendas e o número do seu público”, explica o fundador do Acelera Varejo RJ, que conta com 750 varejistas na organização sediada no Rio de Janeiro.

O descontentamento com o saldo negativo do comércio  do Rio de Janeiro promove o êxodo de profissionais e de investidores, fazendo com que muitos empreendedores busquem por alocações no mercado paulista buscando maiores salários e mais oportunidades no estado ao lado. A saída de bons trabalhadores, principalmente da capital do Rio, gera o enfraquecimento em cadeia da qualidade de mão de obra. 

Para o especialista, a violência presente pela cidade e a sensação constante de insegurança também são fatores que provocam o declínio do comércio do Rio de Janeiro, fazendo com que consumidores não frequentem mais certas regiões da cidade, como o Centro, antes visto como um dos principais locais para o setor do varejo. Atualmente, é possível ver diversas lojas fechadas na região que um dia já foi um dos maiores polos de vendas do Rio de Janeiro. Além da insegurança, a cidade possui a majoração do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), elevando a dificuldade das empresas, o desemprego e uma menor renda da população.

Inadimplência no Rio de Janeiro

De acordo com um levantamento do Serasa, o Rio de Janeiro é o estado com mais endividados em todo o país. São cerca de 7,3 milhões de inadimplentes, o que corresponde a 53% da população fluminense, somente na capital, são quase 2,9 milhões de cidadãos que ainda não honraram suas dívidas. Sendo esse mais um fator para a diminuição do número de vendas do comércio na cidade, além de retardar o processo de recuperação da taxa de consumo entre o público. 

“O aumento do custo de vida, sendo que não há um aumento nos salários, demanda soluções desesperadas entre a população. Além de não possuírem mais o poder aquisitivo de antes, fazendo com que só gastem suas finanças com coisas básicas do dia a dia, como o aluguel e a alimentação, a renda da família brasileira está sendo destinada para apostas esportivas e cassinos online. O valor seria usado para comprar roupas, sapatos, bolsas, eletrônicos agora são usados em esses jogos de azar”, afirma o especialista.

“Há diferentes formas para promover o aumento de vendas, como ter presença em diferentes canais de vendas, principalmente, com sua loja online. Garantindo também um atendimento de excelência para o público, ouvindo o que eles têm a dizer e dando uma atenção maior para suas sugestões. A criação de programas de fidelidade também são positivas para reverter o cenário de declínio de vendas”, recomenda Tauil.

Imagem: Envato

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